A três dias das eleições legislativas na Argentina em que o governo chega desgastado, o presidente Javier Milei nomeou o secretário de Finanças, Pablo Quirno, como novo ministro das Relações Exteriores, informou a Presidência em comunicado divulgado nesta quinta-feira (23).
Quirno substitui Gerardo Werthein, que renunciou ao cargo na quarta (22) após virar alvo de críticas feitas por apoiadores de Milei devido ao saldo ruim de uma reunião do líder argentino com seu homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump.
Segundo o governo, a escolha de Quirno tem como objetivo aproximar o Ministério das Relações Exteriores da área econômica e fortalecer a “visão pró-mercado” de Milei. A nota também destaca que o novo ministro continuará a apoiar a chamada “batalha cultural” do presidente em defesa dos valores ocidentais, sem entrar em detalhes, além de ampliar as alianças internacionais do país.
Em mensagem nas redes redes, Quirno agradeceu ao presidente e disse que continuará trabalhando em equipe. Economista formado pela Universidade da Pensilvânia, nos EUA, ele tem perfil considerado técnico e trajetória consolidada no setor financeiro, com passagens como diretor para a América Latina no JP Morgan, maior banco americano, e integrante do comitê de gestão regional da instituição.
Quirno também é considerado homem de confiança do ministro da Economia, Luis Caputo, que ganha influência sobre uma pasta estratégica e sai fortalecido do processo, segundo o jornal argentino Clarín.
Gerardo Werthein deverá ficar no cargo até segunda-feira (27), dia seguinte às eleições legislativas. Quirno, por sua vez, será o terceiro chanceler em dois anos de governo. A primeira a ocupar o posto foi Daiana Mondino, que acabou demitida após atritos com o presidente.
Werthein, por sua vez, também sofreu processo de fritura. Milei e sua equipe esperavam que o encontro com o presidente americano, realizado na semana passada na Casa Branca, impulsionasse a campanha do governo nas eleições, que acontecem no próximo domingo (26). A reunião era vista como uma forma de reverter o impacto negativo de escândalo que levou à renúncia de um dos principais candidatos do bloco governista, José Luis Espert.
O resultado, porém, foi distante do esperado. Durante o encontro, Trump disse que, caso a oposição a Milei vença o pleito, os EUA deixariam de apoiar a Argentina. A fala provocou constrangimento e reforçou as críticas de aliados e apoiadores do presidente a Gerardo Werthein, ex-embaixador em Washington.
Nas redes sociais, o apresentador e militante do mileísmo Daniel Parisini afirmou que Trump teria confundido as eleições e responsabilizou Werthein pelo resultado negativo da reunião. “Se ao menos tivéssemos um ministro das Relações Exteriores, as coisas teriam sido diferentes”, disse na ocasião.
O presidente argentino tem buscado socorro do aliado americano nos últimos dias também diante da situação econômica volátil do país, que se soma aos problemas políticos recentes. Na tentativa de conter a fuga de pesos do país antes da eleição, o banco central do país fechou acordo de US$ 20 bilhões com o Departamento do Tesouro dos EUA para estabilização do câmbio.




