Bolsonaro nega ação contra Constituição e diz que desconfiança sobre urnas não é só dele

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CÉZAR FEITOZA E ANA POMPEU
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou no início de seu depoimento ao STF (Supremo Tribunal Federal) nesta terça-feira (10) que os ministros nunca o viram agir contra a Constituição.

“Vossa excelência e o ministro [Luiz] Fux não me viram agir contra a Constituição. Eu agi dentro das quatro linhas o tempo todo. Às vezes eu me revoltava, falava palavrão, mas fiz aquilo que devia ser feito”, disse.

O depoimento de Bolsonaro começou às 14h33. Ele levou um exemplar da Constituição para a mesa de depoimento e o levantou enquanto discursava sobre não ter atentado contra a democracia.

O ex-presidente disse ainda que não era o único a criticar as urnas eletrônicas. Ele disse que usava a retórica contra o sistema eletrônico de votação desde 2012.

Bolsonaro leu ainda antigas declarações do ministro do STF Flávio Dino e do ex-presidente do PDT Carlos Lupi, sem contextualização, para dizer que políticos de esquerda também criticavam o sistema.
O depoimento de Bolsonaro era o mais esperado entre os réus do processo sobre a trama golpista. É a primeira vez que ele teve de responder a perguntas de Alexandre de Moraes.

O ministro do STF foi alvo prioritário das ofensivas de Bolsonaro contra o tribunal. Agora, é o responsável por conduzir o processo que pode levar o ex-presidente à prisão.

Bolsonaro admitiu em entrevistas e declarações públicas que conversou com os chefes das Forças Armadas sobre a decretação de estado de defesa, estado de sítio ou GLO (Garantia da Lei e da Ordem). Ele tergiversava, porém, sobre os motivos para a instauração das medidas de exceção.

Na Presidência, Bolsonaro acumulou uma série de declarações golpistas, provocou crises entre os Poderes, colocou em xeque a realização das eleições de 2022, ameaçou não cumprir decisões do STF e estimulou com mentiras e ilações uma campanha para desacreditar o sistema eleitoral do país.

Após a derrota para Lula, incentivou a criação e a manutenção dos acampamentos golpistas que se alastraram pelo país e deram origem aos ataques do 8 de Janeiro.

Nesse mesmo período, adotou conduta que contribuiu para manter seus apoiadores esperançosos de que permaneceria no poder e, como ele mesmo admitiu, reuniu-se com militares e assessores próximos para discutir formas de intervir no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e anular as eleições.

A defesa de Bolsonaro nega a participação do ex-presidente em crimes e argumenta, entre críticas à denúncia da PGR, que não há provas de ligação entre a suposta conspiração iniciada no Palácio do Planalto, em junho de 2021, e os atos de vandalismo de 8 de janeiro de 2023.

A PGR (Procuradoria-Geral da República) acusa Bolsonaro de ser o líder da organização criminosa que tentou dar um golpe de Estado após a eleição de Lula (PT) à Presidência da República.

“Enraizada na própria estrutura do Estado e com forte influência de setores militares, a organização se desenvolveu em ordem hierárquica e com divisão das tarefas preponderantes entre seus integrantes”, diz a denúncia.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, sustenta que a trama golpista capitaneada por Bolsonaro começou em julho de 2021, quando o então presidente fez uma transmissão ao vivo nas redes sociais promovendo desinformação sobre as urnas eletrônicas.

Os ataques ao sistema eleitoral, segundo a acusação, seriam uma forma de deslegitimar o processo em caso de derrota de Bolsonaro. Após o resultado da corrida presidencial, diz a PGR, o ex-presidente reforçou as teses falsas sobre fraudes nas urnas na tentativa de encontrar alternativas para reverter a eleição de Lula.

As acusações mais graves contra Bolsonaro estão relacionadas às atitudes do ex-presidente no fim de seu governo.

A PGR diz que Bolsonaro recebeu, editou e discutiu minutas golpistas com os chefes das Forças Armadas, para testar a adesão ao texto e a viabilidade de se dar um golpe de Estado.

Os planos só não avançaram, segundo a acusação, por “circunstância alheias à vontade dos denunciados”. O principal motivo seria a recusa dos chefes do Exército e da Aeronáutica a aderir aos planos golpistas aventados no Palácio da Alvorada.

Bolsonaro é o sexto réu do núcleo central da trama golpista a prestar depoimento ao Supremo nesta semana. Antes dele falaram Mauro Cid (ex-ajudante de ordens), Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça) e Augusto Heleno (ex-ministro do GSI).

Os últimos a se defender serão os generais Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa) e Walter Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil e da Defesa).



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