Como desfiles militares projetam poder e intimidam rivais – 18/06/2025 – Mundo

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Os regimes autoritários utilizam-nos para intimidar. As democracias utilizam-nos para comemorar. Os desfiles militares são um espetáculo grandioso e uma mensagem poderosa. No último sábado (14), as ruas de Washington receberam uma delas. A ocasião, pelo menos oficialmente, é o 250º aniversário do Exército dos EUA. Por coincidência, também é o 79º aniversário do presidente Donald Trump. Os motivos dos países que realizam tais desfiles podem variar, mas os eventos tendem a compartilhar um vocabulário visual comum. Aqui está o que você deve observar.

Cenários icônicos

Da Praça Tiananmen ao Arco do Triunfo, muitos desfiles militares acontecem tendo como pano de fundo os marcos mais reconhecíveis de um país, muitas vezes símbolos da identidade nacional e da história. Isso aumenta o impacto visual e emocional.

Também pode sinalizar que a capacidade militar está profundamente entrelaçada com a estrutura da nação e reforçar um senso de unidade entre seu povo.

“Definitivamente, há um significado profundo nesses locais: eles evocam e simbolizam triunfos militares e soberania nacional preservada em guerras e paga com enormes sacrifícios”, disse Leon Aron, pesquisador sênior do think tank American Enterprise Institute.

O desfile de sábado em Washington começou no Pentágono e seguiu em direção ao National Mall, passando pela tribuna de Trump na Constitution Avenue.

Esquemas estratégicos de assentos

Os desfiles militares também oferecem uma oportunidade perfeita para os líderes que querem mostrar ao mundo quem são seus aliados.

Na Rússia, o presidente Vladimir Putin há muito convida líderes estrangeiros para assistir ao desfile anual do Dia da Vitória em Moscou. Mas depois que a Rússia invadiu a Ucrânia e o Ocidente decidiu isolá-la, os convidados de honra de Putin assumiram um significado enorme.

“Quando o regime está totalmente confiante em sua legitimidade, na lealdade do povo e de suas forças armadas… você não precisa desse tipo de exibição”, disse Aron. “Quanto mais você precisa exibi-la, acho que mais você mostra que há uma questão de legitimidade.”

Putin não é o único a convidar líderes estrangeiros para seus desfiles. O objetivo, em parte, é projetar grandeza. “É por isso que a NFL gosta de celebridades no Super Bowl“, disse Jeffrey Lewis, diretor do Projeto de Não Proliferação do Leste Asiático do Instituto de Estudos Internacionais de Middlebury.

Os líderes franceses transformaram isso em uma arte. Do presidente Emmanuel Macron ao ex-presidente Nicolas Sarkozy, eles frequentemente convidam líderes estrangeiros proeminentes para seus desfiles militares —especialmente aqueles que desejam cortejar.

Durante o primeiro mandato de Trump, Macron o convidou para a parada do Dia da Bastilha em 2017, na esperança de manter o diálogo depois que o líder americano retirou os Estados Unidos do acordo climático de Paris.

Trump voltou para casa com uma boa impressão dos franceses —”Ele é um cara ótimo”, disse ele sobre Macron— e das paradas militares. Tão boa que ele quis ter uma para si mesmo, disse. Naquela ocasião, o Pentágono conseguiu dissuadi-lo. Este ano a história foi outra.

Demonstrações de poder

Os desfiles militares são, antes de tudo, uma demonstração de poder, e ninguém entende isso melhor do que o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un.

As paradas lá são uma rara janela para um país famoso por ser fechado e uma oportunidade para o regime mostrar suas armas mais avançadas aos adversários. Durante anos, Kim os usou para mostrar ao mundo o quanto seu programa nuclear avançou.

Alguns especialistas acreditam que a Coreia do Norte exibiu caminhões com silos de mísseis vazios ou equipamentos que não funcionam. Mas, no mundo da propaganda, isso não importa realmente.

Embora Kim goste frequentemente de exibir seus últimos avanços militares, a China impressiona pelo volume. Seu desfile do Dia Nacional de 2019 se estendeu por quilômetros pela avenida em frente à Praça da Paz Celestial. Ele contou com mais de 500 equipamentos militares, incluindo tanques, mísseis balísticos intercontinentais e drones hipersônicos.

É uma mensagem inequívoca, destinada em parte a Taiwan e seu apoiador, os EUA, que Pequim tem planos, disse Scott Kennedy, consultor sênior do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais. “Isso tem o objetivo de enviar um sinal de alerta ao resto do mundo, incluindo seus adversários, sobre as capacidades da China”, afirmou.

Coreografia intimidadora

Formações de soldados marchando em perfeita sincronia são uma marca registrada de todos os desfiles militares. A mensagem não é sutil: essas são tropas disciplinadas, bem treinadas e prontas para defender sua pátria. Para os cidadãos em casa, isso desperta orgulho; para potenciais adversários no exterior, pode causar hesitação.

Alguns países incorporam performances acrobáticas de soldados, mostrando habilidades especializadas. Muitos países levam seus desfiles para os céus, impressionando as multidões com sobrevoos de aeronaves perfeitamente coordenados.

Dado o espetáculo impressionante das exibições aéreas, não é surpreendente que o Pentágono tenha providenciado cerca de 50 helicópteros para participar do desfile em Washington.

Rostos do poder

Às vezes, não é apenas um país projetando força em um desfile. Em algumas paradas militares —especialmente aquelas organizadas por regimes autoritários— um líder político está na frente e no centro. Os participantes do desfile carregam cartazes, carros alegóricos e faixas com a imagem do líder. Esses são símbolos visuais de lealdade destinados a glorificar o líder e sugerir que a força da nação é inseparável de sua autoridade pessoal.

Ao contrário de alguns líderes autoritários, Putin não exibe seu rosto em faixas ou cartazes durante desfiles militares. Ele opta por uma demonstração mais sutil de lealdade: a fita laranja e preta. Conhecida como fita de São Jorge, ela é usada há muito tempo para homenagear veteranos de guerra, mas, mais recentemente, tornou-se um símbolo de apoio à política externa de Putin —sua guerra na Ucrânia.

As democracias ocidentais geralmente evitam a glorificação de seus líderes. A ausência de suas imagens nos desfiles significa a separação entre o poder militar e o político. Kennedy acredita que Trump pode estar buscando um impulso pessoal com o desfile em Washington. “É possível que ele espere que, de alguma forma, o respeito das pessoas pelas forças armadas e suas capacidades se reflita nele”, disse.



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