Os Estados Unidos realizaram um ataque a uma embarcação em águas internacionais do Pacífico, na costa da América do Sul, após semanas de ofensiva no mar do Caribe. A informação foi divulgada pela emissora CBS nesta quarta-feira (22), a partir de informações obtidas com membros do governo americano, e confirmada pela agência Reuters.
A Casa Branca ainda não comentou. A ofensiva teria sido realizada na terça-feira (21) pela primeira vez em águas do Pacífico, sugerindo que a ação militar teria ocorrido na costa da Colômbia, e não da Venezuela, banhada apenas pelo Atlântico.
Um funcionário ouvido pela Reuters afirmou que havia várias pessoas a bordo da embarcação no momento do ataque. Se confirmado, o episódio representaria mais uma escalada de tensão com o governo colombiano de Gustavo Petro.
Petro tem sido uma das vozes locais mais críticas contra a ofensiva dos EUA na região. Em uma entrevista polêmica na segunda-feira (20), chegou a afirmar que a solução para a crise seria “tirar” Donald Trump do poder, gerando crítica interna e de deputados americanos em Washington.
Na outra ponta, Trump acusa o governo do colombiano de ser cúmplice no comércio ilícito de drogas. O republicano chamou Petro de “líder ilegal de drogas” no domingo (19), afirmando que vai cortar financiamento e subsídios dados a Bogotá, além de aumentar as tarifas sobre o país.
Após as acusações, Petro chamou o americano de “grosseiro e ignorante” e chamou de volta seu embaixador nos Estados Unidos —o gesto é um ato diplomático que demonstra insatisfação.
Washington começou a bombardear embarcações no mar do Caribe há semanas, matando ao menos 30 pessoas. O governo Trump afirma que essas embarcações carregam drogas em direção ao território americano, mas ainda não apresentou provas.
A principal rota de entrada da cocaína nos EUA é pelo Oceano Pacífico e a fronteira com o México, não o Caribe. Já drogas que alimentam a crise de opioides, como o fentanil, chegam principalmente da China.
O direito internacional não permite ataques contra pessoas que não ofereçam perigo iminente a não ser que se tratem de combatentes inimigos —do contrário, trata-se apenas de assassinato.
As ações são criticadas por governos da região, opositores e especialistas jurídicos, que não enxergam legalidade na ofensiva.
Membros do governo Trump afirmam que a estratégia militar e diplomática dos EUA nesse momento é aplicar o máximo de pressão sobre o regime do ditador Nicolás Maduro para removê-lo do poder —por meio da força, se necessário. O republicano chegou a autorizar a CIA a realizar operações secretas dentro da Venezuela com esse objetivo, e até mesmo ataques diretos estariam sendo considerados.




