A palestina Ahed Tamimi, 22, conhecida ativista contra a ocupação israelense da Cisjordânia, foi detida em sua cidade natal de Nabi Saleh sob a acusação de incitar o terrorismo, anunciou o Exército de Israel nesta segunda-feira (6).
Questionada sobre o motivo da detenção, uma autoridade do serviço de segurança de Israel enviou à agência de notícias AFP uma publicação atribuída a Tamimi que circulou nas redes sociais. O texto, em árabe e em hebraico, pede o massacre de israelenses em “todas as cidades da Cisjordânia, Hebron e Jenin”. A mãe da ativista, porém, nega que a filha tenha escrito ou divulgado a mensagem.
“Há dezenas de contas [nas redes sociais] com a foto de Ahed, mas com as quais ela não têm vínculo. Quando Ahed tenta abrir uma conta, ela é bloqueada imediatamente”, disse à AFP Narimane Tamimi, a mãe da ativista. “Eles a acusam de ter publicado uma mensagem que incita a violência, mas Ahed não a escreveu.”
A AFP não conseguiu verificar se a conta usada para divulgar a mensagem de ódio pertence à Tamimi. Ela foi detida durante uma operação do Exército que tinha o objetivo de “capturar indivíduos suspeitos de participar em atividades terroristas e incitar o ódio” no norte da Cisjordânia. As autoridades de segurança não informaram o paradeiro da ativista, limitando-se a dizer que ela seria interrogada.
Narimane, a mãe de Tamimi, afirmou que seu marido, Bassem al Tamimi, foi detido em 20 de outubro, quando retornava de uma viagem e, desde então, a família não tem notícias dele.
A ativista Ahed Tamimi nasceu em 31 de janeiro de 2001 e ficou conhecida aos 14 anos após ser filmada mordendo um soldado israelense para impedir a detenção de seu irmão mais novo. Em dezembro de 2017, aos 16 anos, ela deu um tapa em um soldado de Israel no quintal de sua casa.
Também em dezembro de 2017, a ativista foi detida pelos militares e depois condenada a oito meses de prisão. Ela foi liberada em 29 de julho de 2018. Desde então, Tamimi se tornou um símbolo mundial da causa palestina e é considerada um exemplo de coragem diante da repressão israelense nos territórios ocupados.
Um retrato de Tamimi foi pintado perto de Belém, no muro que separa os israelenses dos palestinos da Cisjordânia.
A comunidade internacional teme a expansão da guerra entre Israel e o Hamas para outros territórios. Desde o dia 7 de outubro, quando terroristas do Hamas romperam barreiras e assassinaram cerca de 1.400 pessoas, ao menos 121 mortes já foram registradas na Cisjordânia.