Ataque em Munique: Mãe e filha de 2 anos morrem – 15/02/2025 – Mundo

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Uma mulher de 37 anos e sua filha de 2 anos morreram neste sábado (15) devido aos ferimentos que sofreram após terem sido atropeladas por um homem que jogou seu carro contra uma multidão em uma rua movimentada de Munique, na quinta (13).

A informação foi divulgada pela polícia alemã. Elas são as primeiras vítimas do acidente a morrerem.

A polícia prendeu o motorista e o identificou como um afegão de 24 anos —seu nome não foi divulgado.

Na sexta (14), as autoridades tinham afirmado que ao menos 39 pessoas ficaram feridas na ação, algumas em estado grave. O carro avançou sobre ativistas sindicais que protestavam por salários mais altos.

As autoridades estão tratando o episódio como um ataque motivado por ações religiosas.

O incidente ocorreu às vésperas das eleições na Alemanha, marcadas para 23 de fevereiro. Também ocorreu horas antes da chegada de líderes internacionais à cidade do sul da Alemanha para a Conferência de Segurança de Munique.

O primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, tinha uma visita programada para este sábado (15) ao local do acidente, segundo anunciado pelo seu porta-voz em Berlim. Ele está na cidade para participar da conferência.

À revista Focus, Scholz disse que o suspeito do ataque não pode esperar indulgência. “Ele deve ser punido e deve deixar o país”, disse Scholz, de acordo com a revista Focus. “Se foi um ataque, devemos tomar medidas consistentes contra possíveis criminosos com todos os meios da Justiça.”

Inicialmente, as autoridades haviam afirmado que o homem tivera sua solicitação de asilo negada e que havia uma ordem contra ele para que deixasse o país. Disseram ainda que ele teria sido fichado por porte de drogas e furto. Entretanto, o ministro do Interior da Baviera, Joachim Herrmann, desmentiu mais tarde as afirmações: na verdade, o afegão não tinha antecedentes criminais e estava no país legalmente.

Segundo a polícia, por volta das 10h30 locais (6h30 no Brasil), o suspeito, a bordo de um Mini Cooper, se aproximou de uma marcha de manifestantes convocada pelo sindicato de servidores Verdi antes de ultrapassar a viatura que protegia a manifestação e avançar em direção às pessoas, causando pânico.

“Estou profundamente chocado”, disse o prefeito de Munique, Dieter Reiter, segundo a revista Spiegel. “Meus pensamentos estão com os feridos.”

De acordo com a Spiegel, o suspeito nasceu em Cabul, capital do Afeganistão, em 2001, e foi para a Alemanha em 2016. A revista afirma ainda que ele teria divulgado mensagens islâmicas antes de agir.

A Folha conversou com uma funcionária de uma loja de equipamentos ortopédicos que fica a poucos metros do local do incidente. Segundo ela, no momento do atropelamento ela realizava um atendimento quando ouviu gritos da rua e uma multidão correndo. Algumas pessoas entraram no estabelecimento em busca de abrigo.

O episódio ocorreu na confluência da Dachauer Strasse com a Seidl Strasse, duas ruas importantes da cidade. O local fica a cerca de 1,3 km do hotel que recebe a Conferência de Segurança de Munique.

O ponto foi isolado pela polícia, que permitia a aproximação apenas de jornalistas para registrar imagens. Ao lado do Mini Cooper, que estava com vidro e faróis estilhaçados, havia pertences das pessoas que estavam na manifestação espalhados pela rua, como coletes de sinalização, guarda-chuvas e um carrinho de criança.

A conferência de Munique é um dos mais importantes eventos de segurança e diplomacia do mundo, e a área em que ela ocorre já estava fortemente vigiada na manhã de quinta, antes do atropelamento.

Apesar da proximidade do local do ataque com o hotel onde acontece o evento, o ministro do Interior da Baviera disse não suspeitar que a conferência tenha sido o motivo do possível ataque. De qualquer forma, o suposto atentado coloca a segurança do país novamente no centro do debate a dez dias das eleições gerais, que escolherão o novo premiê, no próximo dia 23.

Que o ataque tenha ocorrido não apenas em um momento em que a cidade já está em alerta máximo, mas também no reduto político do partido CSU, sigla-irmã da CDU do favorito Friedrich Merz, complica a estratégia eleitoral desse grupo de centro-direita de se vender como os únicos do campo democrático capazes de utilizar toda a força do aparato de segurança contra imigrantes.

Com efeito, o partido de extrema direita AfD (Alternativa para a Alemanha) pediu a renúncia de Söder, governador da Baviera, nome forte da CSU e uma das principais vozes do partido que pedem um endurecimento da política migratória. A AfD, que está em segundo lugar nas pesquisas, tenta explorar a série de ataques recentes na Alemanha para conseguir sucesso eleitoral.

Horas após o atentado, centenas de pessoas se reuniram no centro de Munique em um protesto espontâneo contra o aparelhamento do ataque por políticos anti-imigração. A manifestação reuniu cerca de 4.000 pessoas, de acordo com os organizadores, e por volta de 500, segundo a estimativa da polícia.

A discussão migratória ganhou novos contornos no final de janeiro, quando um afegão de 28 anos usou uma faca de cozinha para atacar pessoas em um parque público, incluindo um grupo de crianças, em Aschaffenburg, na Baviera. Um menino de dois anos e um homem de 41 não resistiram aos ataques, e outras três pessoas ficaram feridas.

O episódio se soma a outros da mesma natureza na Alemanha nos últimos anos. Em dezembro do ano passado, por exemplo, um médico natural da Arábia Saudita invadiu com o carro um mercado de Natal em Magdeburgo, localizada a cerca de 130 km de Berlim, matando ao menos cinco pessoas e ferindo dezenas.

Antes disso, em agosto, um refugiado sírio esfaqueou diversas pessoas durante o festival de 650 anos da cidade de Solingen, no estado da Renânia do Norte-Vestfália, no oeste da Alemanha. Três pessoas foram mortas e oito ficaram feridas.

Assim, a campanha eleitoral vem sendo marcada pela forte polarização sobre questões migratórias que pressionam Scholz, o social-democrata que, em dezembro, pediu um voto de confiança como uma estratégia para antecipar as eleições no país europeu após ver sua coalizão colapsar.



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