Pesquisadores do Instituto Weizmann de Ciência em Israel vêm tentando salvar seus experimentos depois que um míssil iraniano destruiu um prédio com dezenas de laboratórios.
O míssil atingiu o campus do instituto em Rehovot, na periferia sul de Tel Aviv, nas primeiras horas do último domingo (15), danificando vários edifícios e levando pesquisadores a se arriscarem para salvar amostras enquanto o fogo se alastrava.
Ninguém ficou ferido, já que o campus estava vazio durante a noite. Mas uma parte de um edifício desabou completamente, enquanto na parte restante as paredes foram explodidas, expondo um emaranhado de metal retorcido e destroços.
“Fizemos o nosso melhor para salvar o máximo possível das amostras dos laboratórios, dos edifícios, enquanto combatíamos o incêndio”, disse à Reuters o físico Roee Ozeri, vice-presidente de desenvolvimento e comunicações de Weizmann.
Israel começou a atacar o Irã na semana passada, afirmando que seu antigo inimigo estava prestes a desenvolver armas nucleares. O Irã, que diz que seu programa nuclear é apenas para fins pacíficos, retaliou com ataques de mísseis e drones.
Os ataques israelenses mataram vários cientistas nucleares iranianos proeminentes, eliminaram o alto escalão do comando militar do Irã, danificaram capacidades nucleares e mataram centenas de civis.
Os ataques iranianos causaram a morte de 24 civis em Israel e danificaram centenas de estruturas, incluindo um hospital na cidade sulista de Beersheba.
O Irã não disse se ou por que atacou o Instituto Weizmann.
Embora a maior parte das pesquisas do instituto esteja em áreas com potenciais benefícios para a medicina e o conhecimento científico, ele também tem conexões com a área de defesa. Em outubro de 2024, anunciou uma colaboração com a maior empresa de defesa de Israel, Elbit, sobre “materiais bioinspirados para aplicações de defesa”.
Instituição multidisciplinar que realiza pesquisas em áreas como genética, imunologia e astrofísica, o Weizmann foi fundado em 1934 e é respeitado dentro da comunidade científica internacional.
É o instituto científico mais importante de Israel, com 286 grupos de pesquisa, 191 cientistas efetivos e centenas de estudantes de doutorado, mestrado e pesquisadores de pós-doutorado.
‘Tudo está perdido’
O míssil iraniano atingiu o trabalho de pesquisadores como Eldad Tzahor, que se concentra em medicina regenerativa para doenças cardíacas em adultos. Ele disse que muitas amostras e tecidos que faziam parte de experimentos de longa duração foram destruídos.
“Tudo está perdido”, ele disse à Reuters TV. “Estimo que levará cerca de um ano para voltarmos a um ano completo de pesquisa e com tudo funcionando novamente.”
Em termos financeiros, os danos são estimados entre US$ 300 milhões (R$ 1,6 bilhão) e US$ 500 milhões (R$ 2,7 bilhões), de acordo com o instituto, que opera máquinas caras e complexas, frequentemente compartilhadas entre vários laboratórios ou grupos de pesquisa.
Jacob Hanna, que dirige uma equipe de genética molecular voltada à biologia de células-tronco embrionárias, disse à revista científica Nature que o teto de seu laboratório havia desabado e a escada havia se soltado.
Seus alunos conseguiram salvar centenas de linhagens de células congeladas de camundongos e humanos, transferindo-as para tanques reserva de nitrogênio líquido que Hanna havia armazenado no porão, segundo a Nature.
“Eu sempre me preocupei que, se uma guerra realmente acontecesse, eu não queria perder isso”, disse ele.