A Justiça da Venezuela condenou a dez anos de prisão uma mulher que criticou nas redes sociais uma militante do chavismo em meio a protestos contra a eleição que reconduziu Nicolás Maduro ao cargo no ano passado, informou uma pessoa próxima ao caso à agência de notícias AFP nesta quinta-feira (26).
Merlys Oropeza, 25, foi sentenciada no dia 23 de junho no estado de Monagas, no nordeste do país, após ser julgada por incitação ao ódio, no âmbito de uma lei que críticos afirmam servir para intimidar opositores.
Uma pessoa próxima ao caso forneceu à AFP os detalhes da sentença, que não foi oficialmente comunicada pela Justiça. A família optou por não se pronunciar.
Oropeza foi presa no dia 9 de agosto de 2024, pouco depois de escrever no Facebook: “Que ruim que uma pessoa dependa de uma bolsa”, em referência ao programa de alimentos subsidiados do governo.
A mensagem foi direcionada à pessoa encarregada de distribuir o benefício alimentar na comunidade, que a denunciou às autoridades.
Uma carta de Oropeza dirigida aos pais foi divulgada recentemente nas redes sociais. “Estou destruída, mãe, estou vazia, pai”, escreveu. “Não encontro motivos para continuar vivendo.”
Cerca de 2.400 pessoas foram presas durante as manifestações que eclodiram após a questionada reeleição de Maduro em julho passado, que deixou 28 mortos e quase 200 feridos.
Ao menos desde novembro de 2024 o regime tem anunciado a libertação de grupos de detidos após milhares terem sido presos em meio a protestos da oposição à ditadura depois da eleição presidencial. Alguns deles, segundo a oposição, são libertados em condições precárias de saúde.