Israel ameaça general iraniano com ultimato de 12 horas – 27/06/2025 – Mundo

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Nas horas após Israel lançar a primeira onda de ataques contra o Irã em 13 de junho, matando líderes militares e cientistas nucleares, agentes da inteligência israelense iniciaram uma campanha secreta para intimidar autoridades iranianas de alto escalão, com o aparente objetivo de dividir e desestabilizar o regime teocrático de Teerã, segundo três pessoas com conhecimento da operação.

Funcionários dos serviços de segurança israelenses que falam persa, o idioma principal do Irã, ligaram para celulares de altos funcionários iranianos e os alertaram de que também seriam mortos caso continuassem apoiando o regime de Ali Khamenei, o líder supremo do país, segundo essas pessoas, que falaram sob condição de anonimato. Uma delas estimou que mais de 20 autoridades foram contatadas.

O jornal americano The Washington Post obteve uma gravação e uma transcrição de uma dessas ligações, feita no mesmo dia em que Israel iniciou os bombardeios. “Posso te aconselhar agora: você tem 12 horas para fugir com sua esposa e filho. Caso contrário, você entra na nossa lista”, diz o agente israelense a um general iraniano próximo da cúpula do regime, segundo o áudio.

O agente então sugere que Israel poderia mirar o general e sua família a qualquer momento. “Estamos mais próximos de você do que sua própria veia jugular. Ponha isso na sua cabeça. Que Deus te proteja.”

O general, integrante da Guarda Revolucionária Islâmica, foi instruído a gravar um vídeo se dissociando do regime iraniano. “Como devo enviar para você?”, pergunta ele. “Vou te mandar [orientações] no Telegram”, responde o agente, referindo-se ao aplicativo de mensagens. “Envie.”

Não está claro se o vídeo foi feito ou enviado. Segundo uma das pessoas com conhecimento da operação, o general está vivo e continua no Irã. Mas, de acordo com outra pessoa a par da iniciativa, o objetivo principal era dissuadir e confundir a liderança iraniana.

O gabinete do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, não respondeu a pedidos de comentário. A gravação e uma transcrição em inglês foram fornecidas por um cidadão israelense que obteve o material e compartilhou com o Post, junto com a descrição de uma segunda ligação a outro alto funcionário iraniano próximo a Khamenei.

Segundo a pessoa que entregou o áudio, o conteúdo não foi manipulado, exceto para mascarar a voz do agente israelense e proteger sua identidade. O nome do general iraniano foi obtido pelo jornal, mas não será publicado.

As ligações para líderes militares e de segurança do Irã foram parte de uma ampla operação secreta que, segundo autoridades israelenses, complementou os ataques contra instalações nucleares, fábricas de armas e lançadores de mísseis.

A operação como um todo, chamada “Leão em Ascensão” pelo governo de Israel, envolveu o acionamento de equipes de inteligência clandestinas, depósitos de armas pré-posicionados e outras capacidades que estavam dormentes dentro do território iraniano por semanas ou meses, segundo as autoridades.

Netanyahu disse que a operação foi lançada para impedir o Irã de construir uma arma nuclear. Segundo o governo israelense, nos últimos meses o Irã se aproximou da capacidade de converter seu estoque de urânio enriquecido em uma bomba atômica.

Israel, no entanto, não apresentou novas evidências sobre a ambição ou o esforço de armamento nuclear do Irã. Autoridades americanas, atuais e antigas, afirmam ter inteligência indicando que Teerã pesquisava formas de construir rapidamente um dispositivo rudimentar, caso decidisse fazê-lo, mas não há indícios de que tenha tomado essa decisão.

O presidente dos EUA, Donald Trump, ordenou no fim de semana um ataque aos locais nucleares do Irã, utilizando bombas penetrantes lançadas por bombardeiros B-2 Spirit e mísseis Tomahawk disparados de submarinos. A ofensiva atingiu três instalações nucleares iranianas, em Natanz, Isfahan e Fordow.

Altos funcionários do Pentágono disseram que os três locais sofreram “danos severos”, mas que ainda é cedo para dizer se o Irã manteve alguma capacidade nuclear.

Os ataques dos EUA ocorreram oito dias depois da ofensiva israelense. Nas primeiras horas do ataque de Israel, integrantes do círculo íntimo de Khamenei e figuras centrais do programa nuclear iraniano foram mortos, em alguns casos atingidos por drones explosivos ou dispositivos que abriram crateras em prédios residenciais no centro de Teerã.

Entre os alvos mortos estariam o general Hossein Salami, comandante da Guarda Revolucionária; o general Mohammad Bagheri, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas iranianas; e Fereydoon Abbasi-Davani, físico nuclear e figura-chave no desenvolvimento do programa atômico do país.

O agente israelense mencionou essas mortes ao general iraniano durante a ligação. “Vou te explicar, escute com atenção. Estou ligando de um país que, duas horas atrás, mandou Bagheri, Salami e Shamkhani, um por um, para o inferno”, afirmou.

Na lista, ele inclui também o vice-almirante Ali Shamkhani, ex-chefe do Conselho Supremo de Segurança Nacional. A imprensa iraniana noticiou que Shamkhani, embora gravemente ferido, sobreviveu ao ataque israelense e enviou uma mensagem a Khamenei dizendo: “O amanhecer da vitória está próximo”.

Israel já demonstrou sua capacidade de realizar assassinatos seletivos em Teerã. Em julho, matou o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, com um explosivo escondido na casa de hóspedes estatal onde ele estava hospedado na capital iraniana.

A campanha de intimidação contra figuras-chave que sobreviveram ou não foram atingidas na primeira rodada de ataques envolveu diversas agências de segurança e defesa de Israel e buscou espalhar medo entre os quadros de segundo e terceiro escalões, segundo duas das pessoas com conhecimento da ação. A meta era criar dificuldades para Khamenei preencher os postos dos líderes eliminados.

Autoridades de segurança ocidentais disseram não ter visto sinais de deserção entre oficiais de alta patente das Forças Armadas do Irã ou da Guarda Revolucionária.

Segundo um agente israelense, alguns dos líderes iranianos receberam cartas sob suas portas, outros foram contatados por telefone e alguns por meio de suas esposas.

Alguns desses oficiais foram contatados mais de uma vez, o que gerou uma espécie de diálogo contínuo entre eles e a inteligência israelense, segundo uma das pessoas com conhecimento da operação.



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