Os Estados Unidos deportaram cinco imigrantes para Suazilândia, pequeno país do sul da África, enquanto o governo do presidente Donald Trump intensifica sua campanha agressiva de deportações.
Os cinco deportados, que são de Cuba, Laos, Jamaica, Vietnã e Iêmen, chegaram ao país africano em um voo que o Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla em inglês) classificou como uma “deportação para um país seguro”. O avião partiu dos EUA e aterrissou na madrugada desta quarta-feira (16).
“Esse voo transportou indivíduos tão barbaramente perigosos que seus países de origem se recusaram a recebê-los de volta”, escreveu Tricia McLaughlin, porta-voz do DHS, na rede X, alegando que os deportados foram condenados por crimes que variavam de assassinato e agressão a roubo.
Ela acrescentou que, graças a Trump e à secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, eles agora estão “fora do solo americano”.
Suazilândia, um país com 1,2 milhão de habitantes situado entre a África do Sul e Moçambique, é geralmente considerado um local seguro, com índices de criminalidade relativamente baixos.
No mês passado, a Suprema Corte dos EUA autorizou a continuidade das deportações rápidas para outros países, decidindo que não é necessário oferecer aos imigrantes a chance de contestar a expulsão judicialmente.
Segundo a decisão, basta que o Departamento de Estado assegure que os deportados não seriam prejudicados no país de destino. Esta foi a segunda vez que o governo Trump deportou pessoas diretamente para a África.
Neste mês, após longos atrasos legais, Washington enviou oito migrantes de Cuba, Laos, México, Mianmar e Vietnã para o Sudão do Sul. Os homens haviam sido mantidos por semanas em uma base militar no Djibuti, no Chifre da África, enquanto a Justiça debatia seus destinos.
O ministro das Relações Exteriores da Nigéria, Yusuf Tuggar, afirmou na semana passada que Washington tem exercido “considerável pressão” sobre vários países, incluindo a Nigéria, para aceitarem deportados, mas destacou que o país africano já conta com 230 milhões de habitantes e teria dificuldades em acolher refugiados com ficha criminal.
“Os EUA estão pressionando bastante países africanos para que aceitem venezuelanos deportados dos EUA, alguns diretamente da prisão”, disse Tuggar à emissora nigeriana Channels TV. “Já temos problemas demais, pelo amor de Deus”, afirmou.
Na semana passada, Trump reuniu-se com os líderes de Gabão, Guiné-Bissau, Libéria, Mauritânia e Senegal para um almoço televisionado com foco em comércio e investimentos. Durante o encontro, disse esperar “progresso em acordos de países seguros” para deportações, embora não esteja claro se houve algum compromisso por parte das nações africanas.
Em Suazilândia —uma monarquia absoluta que já enfrentou a pior epidemia de HIV do mundo—, a reação nas redes sociais foi imediata. Muitos criticaram os EUA por tratarem o país como “depósito de indesejados”.
Uma pessoa identificada como Vikimpi Mngomezulu publicou no Facebook: “O Parlamento deve convocar uma sessão de emergência para reverter a decisão dos EUA e também qualquer acordo secreto que o governo possa ter feito com os americanos. Aceitamos refugiados, mas não criminosos”.
Autoridades do governo de Suazilândia não responderam de imediato aos pedidos de comentário.