O comitê do Congresso dos Estados Unidos que investiga o caso Jeffrey Epstein anunciou nesta terça-feira (5) que convocou o ex-presidente Bill Clinton e a sua mulher, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton, para prestarem depoimento. Ex-funcionários do alto escalão do Departamento de Justiça também foram chamados.
As intimações ocorrem em um momento em que o presidente Donald Trump vem sendo criticado pela forma como tratou a divulgação de informações sobre o caso Epstein e enfrenta uma das maiores crises em sua base.
A lista de convocados inclui ainda o ex-diretor do FBI James Comey, o ex-procurador especial Robert Mueller e seis ex-secretários de Justiça. O depoimento de Clinton foi marcado para 14 de outubro e o de Hillary, para o dia 9 do mesmo mês.
A intimação enviada ao ex-presidente recorda que Bill Clinton viajou diversas vezes no jato particular de Epstein e foi fotografado com ele em eventos. O magnata mantinha uma rede de conexões com figuras públicas e poderosas —como o próprio presidente Donald Trump, o fundador da Microsoft, Bill Gates, e o príncipe Andrew, do Reino Unido.
O Comitê de Supervisão e Reforma Governamental, de maioria republicana, anunciou que também intimou o Departamento de Justiça para entregar os arquivos relacionados às investigações “completos, integrais e sem mudanças” até ou antes de 19 de agosto.
Epstein, acusado de tráfico de pessoas e abuso sexual de menores de idade, foi preso em julho de 2019 e se suicidou dentro da cadeia em Nova York. O episódio gerou uma série de teorias da conspiração, sugerindo que ele teria sido assassinado devido a interesses de poderosos que desejavam esconder sua relação com o esquema de pedofilia e exploração sexual de menores.
As teorias foram estimuladas ao longo dos anos por figuras importantes da base de Trump, incluindo várias que hoje ocupam cargos no governo, como o diretor do FBI, Kash Patel, e a secretária de Justiça, Pam Bondi. Eles disseram várias vezes que, se chegassem ao poder, publicariam a “lista de Epstein” —um suposto arquivo detalhando clientes do magnata.
Entretanto, no mês passado o FBI e o Departamento de Justiça vieram a público dizer que essa lista não existe e que todos os materiais indicam que Epstein morreu mesmo por suicídio. A admissão caiu como uma bomba entre trumpistas adeptos das teorias da conspiração.
O presidente chegou a atacar seus apoiadores por continuarem pressionando a divulgação dos documentos, mas os democratas no Congresso, com o apoio de alguns republicanos, querem obrigar o governo a divulgar os detalhes do caso.
O Congresso também quer intimidar Ghislaine Maxwell, ex-namorada de Epstein. Ela cumpre pena de 20 anos por ter sido considerada culpada, em 2021, de ajudar Epstein a abusar sexualmente de adolescentes.