As autoridades da Colômbia disseram nesta quarta-feira (6) que a dissidência guerrilheira fundada pelo histórico líder das Farc, Iván Márquez, é a possível autora intelectual do atentado contra o pré-candidato presidencial Miguel Uribe, internado em estado grave na UTI há quase dois meses.
A Segunda Marquetalia é uma dissidência da extinta guerrilha das Farc formada por combatentes que retomaram as armas após a assinatura do acordo de paz de 2016. Segundo a inteligência militar, contam com mais de 2 mil membros.
“Tudo indica que muito provavelmente a Segunda Marquetalia faz parte dessa rede em termos dos mandantes [do atentado], mas isso ainda está em investigação”, disse Carlos Fernando Triana, diretor da polícia, em entrevista coletiva.
As autoridades suspeitam que Márquez e seu número dois, conhecido como Zarco Aldinever, estejam mortos, embora essas informações ainda não tenham sido confirmadas.
A pesquisadora da Fundação Paz e Reconciliação (Pares), Laura Bonilla, não descarta a hipótese da polícia.
Uribe, senador oposicionista de 39 anos, foi baleado durante um comício em um bairro popular de Bogotá em 7 de junho. Desde então, permanece conectado a um respirador. Nas últimas semanas, seus familiares celebraram o início do processo de neuro-reabilitação. Sua irmã, María Carolina Hoyos, afirmou recentemente que sua recuperação é um milagre.
A Segunda Marquetalia poderia ter interesse em um atentado como este para desestabilizar o país e, assim, “consolidar controle territorial”, colocar este governo ou o próximo “contra a parede” ou “parecer maior do que realmente é”, afirmou Bonilla em declarações à Blu Radio.
Até o momento, há seis pessoas presas pelo caso, incluindo o autor do disparo, um menor de 15 anos. Ele foi atingido por um tiro na perna durante a perseguição após o atentado. “Perdão, fiz isso por dinheiro, pela minha família”, teria afirmado ao ser contido, confirmando a suspeita de que havia agido a mando de outras pessoas.
No início de julho, a polícia prendeu Elder José Arteaga Hernández, conhecido como El Costeño. Outros suspeitos o apontaram como responsável por planejar a tentativa de assassinato —o que o torna uma peça-chave para chegar aos autores intelectuais do crime.
O atentado contra Uribe, um dos favoritos da direita para as eleições presidenciais de 2026, reabre feridas em um país marcado pela violência e pelos atentados contra políticos nas décadas de 1980 e 1990.
O governo do presidente de esquerda Gustavo Petro iniciou diálogos de paz com a Segunda Marquetalia em meados de 2024, na Venezuela, mas atualmente estão suspensos por falta de avanços. A tortuosa condução do caso pelo governo foi mais um motivo de desgaste para o líder, que coleciona crises desde que assumiu o cargo, em 2022.