Com a aprovação do plano do governo de Binyamin Netanyahu para ocupar militarmente a Cidade de Gaza, o maior adensamento urbana da Faixa conflagrada, Israel aprofunda seu controle sobre o território palestino com o objetivo declarado de ocupar toda a área.
A Faixa de Gaza tem 365 km², equivalente a aproximadamente um quarto do município de São Paulo, cuja área é de 1.521 km². Atualmente cerca de 86% de Gaza (314 km²), estão sob ordens de evacuação de civis ou controle militar de Israel, segundo o Ocha, a agência da ONU que coordena assuntos humanitários.
Dos 2,2 milhões de habitantes do território antes do conflito, segundo estimativas do Escritório Central Palestino de Estatísticas, 1,9 milhão foram deslocados pela guerra. Cerca de 750 mil deles habitavam a Cidade de Gaza.
Sob comando político do Hamas desde 2007, o território já é na prática controlado por Israel, que opera um bloqueio marítimo, é soberano no espaço aéreo e filtra o que pode entrar e sair dali pelos postos de controle na fronteira.
O início das operações ocorreu no norte da Faixa, após alguns dias de bombardeios que se seguiram ao ataque do grupo terrorista contra Israel em 7 de outubro de 2023.
As primeiras operações tiveram como alvo localidades ao norte da Cidade de Gaza, fazendo um movimento que inicialmente contornou o município e ocupou um corredor separando Gaza em duas porções, norte e sul, e cortando a conexão entre elas.
Já no primeiro semestre de 2024, tropas israelenses começaram operações terrestres no sul de Gaza, na cidade de Rafah. O movimento resultou na ocupação de todo o chamado corredor Filadélfia, a faixa de terra na fronteira com o Egito.
Ocupada a fronteira, Israel passou a controlar militarmente todo o perímetro de Gaza dentro do território. Foi a partir daí que as operações passaram a priorizar as cidades de Rafah e Khan Yunis, no sul do território.
Segundo o Ocha 92% das unidades habitacionais de Gaza foram destruídas ou danificadas durante o conflito —deslocados, os civis precisam se mover no território de acordo com as ordens de evacuação emitidas por Israel.
A área de Al-Mawasi, um pedaço de território espremido entre a costa e as cidades de Rafah e Khan Yunis, recebe palestinos deslocados de suas casas. Ali, famílias vivem em tendas, e, embora seja tratado por Israel como uma zona humanitária, também tem sofrido bombardeios.
Desde o fim de julho, as forças de Tel Aviv passaram a operar também na cidade de Deir al-Balah, no centro de Gaza. O local não havia sido, até então, alvo de bombardeios e operações relativamente limitadas, motivo pelo qual boa parte das agências humanitárias trabalhavam a partir de Deir al-Balah.
Foi na cidade, por exemplo, que um armazém e locais usados como residência de funcionários da Organização Mundial da Saúde (OMS) foram atingidos por ataques de Tel Aviv. Quatro funcionários chegaram a ser detidos pelo Exército de Israel.
Se confirmada a ocupação da Cidade de Gaza, as únicas partes do território palestino sem controle de Israel ou ordens de evacuação —o que pressupõe bombardeios e combates constantes— serão porções de Deir al-Balah e a área de Al-Mawasi.