Palestinos relatam nesta segunda-feira (11) os bombardeios mais intensos em semanas em áreas no leste da Cidade de Gaza, horas depois de o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmar que esperava concluir uma nova ofensiva contra o Hamas na região.
Um ataque aéreo também matou cinco jornalistas, incluindo o correspondente da Al Jazeera, Anas al-Sharif, em uma tenda no complexo do Hospital Al-Shifa, na Cidade de Gaza, o ataque que mais matou jornalistas durante os quase dois anos de conflito.
Testemunhas dizem que tanques e aviões israelenses bombardearam Sabra, Zeitoun e Shejaia, três subúrbios da Cidade de Gaza, que fica na porção norte do território palestino, obrigando famílias a deixar suas casas em direção a oeste.
Alguns moradores da cidades afirmam que esta foi uma das piores noites em semanas, aumentando os temores de preparativos militares para uma ofensiva mais profunda no local, que o Hamas diz estar abrigando cerca de 1 milhão de pessoas após o deslocamento de residentes das áreas limítrofes ao norte de Gaza.
O Exército israelense diz ter disparado artilharia contra terroristas do Hamas na área. Não havia sinal, em campo, de forças avançando mais profundamente na Cidade de Gaza como parte da ofensiva israelense para tomar o controle da cidade.
“Parecia que a guerra estava recomeçando”, diz Amr Salah, 25. “Tanques dispararam projéteis contra casas, e várias residências foram atingidas. Os aviões realizaram o que chamamos de anéis de fogo, onde vários mísseis caíram em algumas estradas no leste de Gaza”, disse ele à Reuters através de um aplicativo de mensagens.
O Exército de Tel Aviv afirma que suas forças desmantelaram no domingo um local de lançamento de foguetes a leste da Cidade de Gaza, que o Hamas usaria para disparar projéteis em direção a comunidades israelenses do outro lado da fronteira.
Netanyahu afirmou neste domingo (10) que instruiu o Exército a acelerar seus planos para a nova ofensiva. “Quero acabar com a guerra o mais rápido possível, e é por isso que instruí as Forças de Defesa de Israel a encurtar o cronograma para assumir o controle da Cidade de Gaza”, disse o premiê.
Netanyahu afirmou também que a nova ofensiva se concentraria na Cidade de Gaza, que ele descreveu como a “capital do terrorismo” do Hamas. Ele indicou que a área costeira do centro de Gaza pode ser a próxima, dizendo que terroristas também se deslocaram para lá em meio às operações.
Os novos planos de Tel Aviv para Gaza causaram alarme na comunidade internacional. O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou nesta segunda-feira que a proposta de Israel anunciava “um desastre de gravidade sem precedentes” e “um movimento em direção a uma guerra sem fim”.
Macron propôs ainda uma coalizão internacional sob mandato das Nações Unidas para estabilizar Gaza.
Na sexta-feira (8), a Alemanha anunciou que interromperia as exportações de equipamentos militares para Israel que pudessem ser usados em Gaza. O Reino Unido e outros aliados europeus instaram Tel Aviv a reconsiderar sua decisão de intensificar a campanha militar em Gaza.
Mike Huckabee, o embaixador dos EUA em Israel, afirmou à Reuters que alguns países pareciam estar pressionando Israel em vez do Hamas, cujo ataque a Israel em 7 de outubro de 2023 matou 1.200 pessoas e desencadeou o conflito atual.
A ofensiva planejada por Israel ocorre também em meio ao agravamento da fome em Gaza.
Na segunda-feira, o ministério da Saúde do território, controlado pelo Hamas, afirmou que mais cinco pessoas morreram de desnutrição em Gaza nas últimas 24 horas. A contagem, que não pôde ser verificada de forma independente, elevou o número de mortes por essas causas para 222, incluindo 101 crianças, desde o início da guerra.
Israel diz que aumentou a entrada de ajuda humanitária e bens comerciais em Gaza nas últimas semanas. Autoridades palestinas e da ONU dizem que o auxílio é uma fração do que Gaza necessita.
Mais de 61 mil palestinos foram mortos desde o início da reação de Israel pelo ataque do Hamas, de acordo com autoridades de Saúde de Gaza, ligadas ao grupo terrorista. A maior parte da população de Gaza foi deslocada várias vezes e seus residentes enfrentam grave crise humanitária, com extensas áreas do território reduzidas a escombros.