A Justiça do Peru ordenou a prisão preventiva por cinco meses de Martín Vizcarra, 62, presidente do país de 2018 a 2020, no âmbito de um processo por suposta corrupção quando ele era governador da região de Moquegua, há 11 anos. Com a decisão, o Peru passa a ter quatro ex-chefes do Executivos presos.
Após passar por exames médicos, Vizcarra será transferido para uma pequena prisão dentro de uma base policial no leste de Lima, onde se encontram encarcerados os também ex-presidentes Alejandro Toledo, Ollanta Humala e Pedro Castillo.
Durante audiência realizada nesta quarta-feira (13), o juiz Jorge Chávez ordenou a prisão do ex-presidente alegando “perigo processual e de fuga”.
Vizcarra, que governou o país entre 2018 e 2020, ouviu a decisão do magistrado no tribunal. Um policial se aproximou e o deteve imediatamente após a ordem, segundo imagens transmitidas da audiência.
A ordem de prisão preventiva pareceu surpreender o político, que momentos antes de começar a audiência havia descartado essa possibilidade afirmando à imprensa que isso não iria acontecer.
O ex-presidente, que sempre se disse inocente, respondia em liberdade no julgamento pelo caso que remonta à sua época de governador, de 2011 a 2014).
O Ministério Público o acusa de ter recebido subornos de 2,3 milhões de soles (cerca de US$ 640 mil) de empresas construtoras, em troca da concessão de obras públicas em Moquegua, no sul do Peru.
Por este caso, o ex-presidente de centro-esquerda pode receber uma condenação de até 15 anos de prisão.
O Ministério Público do Peru presume que Vizcarra fazia parte de uma rede criminosa vinculada ao setor de construção. Em 2024, realizou buscas com a polícia em duas casas do ex-presidente no âmbito da investigação.
A tese da promotoria é que a organização que supostamente era liderada pelo ex-governante recebia propinas através da licitação irregular de obras.
Vizcarra, que era vice-presidente no governo anterior de Pedro Pablo Kuczynski, ocupou a Presidência por dois anos, após a renúncia do mandatário por escândalo de corrupção envolvendo a empreiteira brasileira Odebrecht. Kuczynski cumpriu três anos de prisão domiciliar e ainda vive sob medidas cautelares, como a proibição de deixar o país.
Em 2019, Vizcarra dissolveu o Congresso e convocou novas eleições legislativas. O renovado Parlamento o destituiu em novembro de 2020, o que ocasionou protestos massivos que deixaram dois manifestantes mortos.