Redução de 20% no consumo de álcool pode evitar uma morte por hora no Brasil, diz estudo

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(FOLHAPRESS) – Se os brasileiros reduzissem em 20% o consumo de álcool, 10.400 mortes poderiam ser evitadas todos os anos, o que corresponde a uma média de uma morte por hora no país, aponta relatório preliminar do pesquisador Eduardo Nilson, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

Dessa forma, o Brasil evitaria, anualmente, o equivalente a R$ 2,1 bilhões em perdas de produtividade associadas às mortes prematuras. Essa economia potencial equivale a 58% do orçamento do Farmácia Popular em 2024, um dos principais programas de acesso a medicamentos no país.

Os custos associados às mortes prematuras representam perdas econômicas associadas à interrupção precoce da vida de pessoas em idade produtiva, o que inclui o impacto na renda familiar, no trabalho e na economia como um todo.

O estudo estimou o cenário de redução de 20% com base no que é preconizado pela OMS (Organização Mundial de Saúde), que recomenda “acelerar as ações para atingir reduções de 20% no consumo per capita de álcool até 2030”.

Além de avaliar o cenário considerado ideal por diretrizes internacionais, a pesquisa estimou a redução de mortes e os custos em um panorama mais conservador. Caso a redução fosse de 10% no consumo, seriam poupadas 4.600 vidas por ano, reduzindo perdas econômicas em R$ 1 bilhão.

O estudo “Estimação do Impacto de Diferentes Cenários de Redução do Consumo de Álcool no Brasil”, realizado a pedido das organizações de saúde Vital Strategies e da ACT Promoção da Saúde, dá continuidade à metodologia de análise comparativa de risco para estimar os custos diretos e indiretos do consumo de álcool no Brasil, apresentada em 2024. O modelo foi expandido e utilizado para analisar o impacto da redução do consumo de álcool em 10% e 20% no país, tendo como referência o ano de 2019, quando foi lançada a última pesquisa nacional de saúde.

Foi considerado um conjunto de 24 doenças associadas ao consumo de álcool, como tuberculose, infecções respiratórias, cirrose e outras doenças hepáticas, epilepsia, doenças hipertensivas, hemorragia intracerebral, cardiopatia isquêmica e diversos tipos de câncer.

O relatório corrobora estimativas anteriores, que mostram que os gastos diretos com hospitalizações e procedimentos ambulatoriais para tratar problemas de saúde relacionados ao uso do álcool custam ao SUS (Sistema Único de Saúde) R$ 1,1 bilhão por ano. Os homens respondem por 74% dessas despesas.

Um estudo da Fiocruz divulgado em 2024 também mostrou que o consumo de bebidas alcoólicas responde por 12 mortes por hora e custa R$ 18,8 bilhões por ano ao país.

Nessas novas projeções, a maior parte das mortes e custos atribuíveis também aconteceu entre os homens e, independentemente do sexo, em indivíduos com menos de 60 anos, afirma o pesquisador Eduardo Nilson, que também atua no Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde, da USP (Universidade de São Paulo).

“O custo da mortalidade prematura impacta pela forma de cálculo que considera o indivíduo até o final da sua vida produtiva, então, quanto mais jovem, maior o impacto. Um indivíduo que morre precocemente aos 40 anos teria toda a idade de aposentadoria até os 60, se for um homem”, diz Nilson.

Além de ser um dos principais fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis, o álcool também é ligado a um aumento no comportamento criminoso, incluindo violência doméstica e no trânsito, apontam estudiosos.

“Os homens jovens morrem muito por conta de acidentes e violências, componente que não depende de uma latência como ocorre quando pensamos em doenças como câncer e doenças vasculares, que ocorrem por efeito cumulativo de vários fatores de risco, incluindo o próprio álcool. Os acidentes e violência são de impacto imediato e, por isso, têm um peso grande entre os mais jovens, na casa de 20 a 40 anos, que não é a idade que se espera para doenças crônicas, cuja incidência começa a aumentar a partir dos 35 anos”, acrescenta Nilson.

Para que o Brasil atinja a meta da OMS de redução nos níveis de consumo da substância, a tributação do álcool com o imposto seletivo é tida como o melhor caminho, afirma Luciana Sardinha, diretora-adjunta de doenças crônicas não transmissíveis da Vital Strategies.

No âmbito da reforma tributária, o imposto seletivo, se bem aplicado, pode reduzir o consumo. A discussão que será levada ao Congresso é de quanto será a alíquota aplicada.

“Nessas discussões, já sabemos que o imposto seletivo vai ser baseado em duas partes, uma do preço de fábrica, para todos os tipos de bebida, e outra sobre a unidade de álcool de cada bebida. Esta é uma prática muito bem-sucedida em outros países, inclusive os nórdicos. Esperamos que seja realmente alta o suficiente para que possa reduzir o consumo”, diz Sardinha.

Ao mesmo tempo, aponta o estudo, é necessário reforçar o conjunto de medidas que também contribuem para a redução do consumo de álcool no país, considerando informação à população, restrição de pontos e horários de venda e consumo e aprimoramento da rotulagem.

“É importante mostrar que é muito comum uma banalização do consumo, que a bebida alcoólica é socialmente aceita. Mas é importante ter a noção de que não existe dose segura e isso vai ser quantificado”, afirma Nilson.

O projeto Saúde Pública tem apoio da Umane, associação civil que tem como objetivo auxiliar iniciativas voltadas à promoção da saúde.

Zona norte de SP concentra pontos com mais mortes no trânsito desde 2015

Os locais onde houve mais acidentes fatais de trânsito foram organizados em mapa de acordo com a geolocalização das ocorrências registradas nos últimos nove anos em São Paulo pela Folha a partir de informações do Infosiga, sistema estadual que mede a violência no trânsito

Folhapress | 10:36 – 11/08/2025



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