Desenvolvimento na América Latina e Caribe está em perigo – 20/08/2025 – Latinoamérica21

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A trajetória de desenvolvimento da América Latina e do Caribe atravessa uma fase de vulnerabilidade sem precedentes. As conquistas das últimas décadas e a possibilidade de seguir avançando estão ameaçadas pelo impacto de tensões geopolíticas, desafios estruturais e crises diversas —ambientais, políticas, sanitárias, tecnológicas e sociais— que se entrelaçam, ampliando seus efeitos e pressionando instituições. Surge então uma pergunta-chave: como proteger os ganhos em desenvolvimento humano e continuar avançando nessa nova realidade?

A resposta está na essência do desenvolvimento humano, formulado por Amartya Sen e Mahbub ul Haq em 1990: ampliar capacidades para vidas valiosas e significativas. Não é só renda, mas saúde, educação, liberdade, participação e dignidade. Porém, esse desenvolvimento pode retroceder. Para evitar perdas e seguir ampliando capacidades, é essencial incorporarmos resiliência.

No desenvolvimento humano, resiliência não significa apenas resistir ou recuperar-se, mas prevenir, mitigar e recriar vidas valiosas, mesmo em meio a crises. Um sistema resiliente aprende, se adapta e sai fortalecido. Como uma casa simples que resiste a um terremoto e protege seus habitantes, ou um sistema de saúde que, diante de uma pandemia, reorganiza recursos, mobiliza pessoal, acolhe voluntários e instala capacidades duradouras. Resiliência não se improvisa: constrói-se.

Um desenvolvimento humano resiliente se apoia em três pilares: capacidades, segurança humana e agência. As capacidades são as oportunidades reais de viver vidas significativas; a segurança humana protege contra ameaças como fome, violência, desastres ou doenças; e a agência é a capacidade de agir segundo valores próprios, influenciar o entorno e imaginar alternativas mesmo na adversidade. Quando liberdades são limitadas e reina a insegurança, a agência se enfraquece. Por isso, fortalecer vínculos de confiança e pertencimento é tão essencial quanto garantir recursos materiais.

A urgência desse enfoque é clara para a região: sem resiliência, cada crise pode significar perdas severas. Mas integrando-a à ação pública, é possível minimizar danos e transformar sistemas. Isso implica políticas que antecipem riscos, como sistemas educacionais preparados para emergências, proteção social expansível em crises, ou mecanismos de reintegração laboral. Exige também redes de apoio comunitário e instituições capazes de agir e se adaptar.

Mesmo com recursos limitados, a chave está em priorizar o essencial: identificar capacidades e serviços que devem ser preservados a qualquer custo e fortalecer laços antes que se rompam. A inovação necessária não é apenas tecnológica, mas também social, institucional e territorial, como mostram instrumentos aplicados na região —do Índice de Pobreza Multidimensional a mecanismos de financiamento inclusivos com impacto local.

O enfoque resiliente no desenvolvimento humano requer decisões baseadas em evidências, prevenção e preparação, reduzindo custos futuros. Ele protege e adapta o conceito clássico de desenvolvimento aos desafios atuais, somando a segurança humana e o reconhecimento das pessoas como agentes de seu destino.

Em tempos incertos, a resiliência é bússola ética e prática, e para a América Latina e o Caribe, também uma oportunidade: não de resignação ao risco, mas de transformar cada crise em ponto de apoio para sociedades mais justas e coesas. O futuro não está escrito; é construído coletivamente. A resiliência deve estar no centro das respostas —para impulsionar prosperidade compartilhada, políticas inovadoras e fortalecer agência e segurança humanas. Só com ação conjunta construiremos trajetórias de vida valiosas, dignas e resilientes para todas as pessoas.


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