Um juiz dos Estados Unidos negou nesta quarta-feira (20) o pedido do Departamento de Justiça para retirar o sigilo das transcrições do grande júri no caso contra o magnata Jeffrey Epstein, condenado por abuso sexual de menores de 18 anos.
Em sua decisão, o juiz federal Richard Berman, de Manhattan, afirmou que o material é insignificante em comparação ao conjunto de documentos que o governo possui sobre o caso.
A determinação ocorreu em um momento em que o presidente Donald Trump está sendo criticado pela forma como lidou com as investigações. O governo recuou da promessa de divulgar novos documentos sobre o caso, provocando indignação entre seus apoiadores mais fiéis.
O escândalo tem sido combustível para teorias da conspiração há anos, dada a lista de amigos poderosos de Epstein e as circunstâncias de sua morte.
O juiz afirmou que seria mais lógico o governo divulgar diretamente as informações que coletou em sua investigação sobre Epstein do que pedir ao tribunal para liberar conteúdo do grande júri, cujo sigilo é protegido por lei.
“O governo possui 100 mil páginas de arquivos e materiais sobre Epstein, em comparação com as cerca de 70 páginas do grande júri”, escreveu Berman em sua decisão. “O testemunho do grande júri é apenas um fragmento [do caso].”
O Departamento de Justiça não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
As provas vistas e ouvidas por grandes júris, que operam a portas fechadas para evitar interferência em investigações criminais, não podem ser divulgadas sem aprovação judicial.
Em julho, Trump instruiu a secretária de Justiça dos EUA, Pam Bondi, a conseguir autorização judicial para divulgar o material judicial do caso Epstein. Segundo o Departamento de Justiça, o grande júri que indiciou Epstein ouviu apenas uma testemunha, um agente do FBI.
Epstein se suicidou na cadeia em 2019, enquanto aguardava julgamento por acusações de tráfico sexual.
No último dia 11, outro magistrado de Manhattan, o juiz Paul Engelmayer, negou um pedido semelhante do Departamento de Justiça para retirar o sigilo dos testemunhos e provas do grande júri no caso de Ghislaine Maxwell, namorada de Epstein. Ela cumpre pena de 20 anos de prisão após sua condenação em 2021 por recrutar meninas menores de idade que o magnata abusava.
Engelmayer afirmou, em sua determinação, que a afirmação do governo de que os materiais revelariam novas informações significativas sobre os crimes de Epstein e Maxwell era “comprovadamente falsa”.
“Uma pessoa familiarizada com os registros do julgamento de Maxwell que revisasse os materiais do grande júri que o governo propõe tornar públicos não encontraria praticamente nada de novo”, escreveu o juiz.