Governos da América Latina reagiram de formas distintas ao envio de navios de guerra dos Estados Unidos para o mar do Caribe, em local próximo da costa da Venezuela.
No que seria parte de uma iniciativa para combater cartéis de drogas, três destróieres americanos da classe Arleigh Burke, com sistemas antimíssil Aegis e mísseis de ataque, foram deslocados para a região.
A presidente do México, Claudia Sheinbaum, criticou nesta terça-feira (19) as manobras militares dos EUA. Todas as disputas devem ser resolvidas por meio do diálogo, disse ela, que reiterou o apelo de seu governo pela “não intervenção” e “autodeterminação dos povos”.
“Não ao intervencionismo, isso não é só convicção, está na Constituição. Nossa Constituição diz isso claramente e é sempre o nosso posicionamento: a autodeterminação dos povos, a não intervenção e a solução pacífica de disputas”, disse Sheinbaum.
O colombiano Gustavo Petro, por sua vez, afirmou que os americanos estão enganados se acham que uma invasão poderia resolver os problemas do país com a Venezuela. O presidente também alertou que haveria graves consequências regionais caso Washington decida agir militarmente.
A fala de Petro ocorreu durante uma sessão do conselho de ministros colombianos, nesta terça. Na reunião, ele mencionou conversas mantidas com representantes do governo americano em que manifestou sua posição contrária a uma possível intervenção no país vizinho.
Um dia antes, Maduro anunciou a mobilização de 4,5 milhões de milicianos em resposta ao que chamou de ameaça contra o seu país. Nesta terça, o ditador voltou a falar em defesa do território venezuelano.
“Defendemos nossos mares, nossos céus e nossas terras. Nós os libertamos. Nós os guardamos e patrulhamos. Nenhum império tocará o solo sagrado da Venezuela, nem deve tocar o solo sagrado da América do Sul“, afirmou Maduro em discurso transmitido pela televisão, em Caracas.
O governo brasileiro não tinha se manifestado sobre o deslocamento dos navios até a noite desta terça. Aliado de Trump, o presidente argentino, Javier Milei, também não emitiu comentários sobre o tema.
Nas últimas horas, Milei compartilhou na plataforma X uma mensagem da Embaixada dos Estados Unidos na Argentina que registrou a visita de funcionários do Departamento de Defesa americano a ele e ao ministro de seu governo Luis Petri, por ocasião da Conferência de Defesa da América do Sul.
No fim de julho, o Tesouro dos EUA impôs sanções ao Cartel de los Soles sob a acusação de que o grupo venezuelano é liderado pelo ditador Nicolás Maduro. O Ofac (Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros) ainda classificou a organização de entidade terrorista global.
No dia 7 de agosto, Washington anunciou que estava aumentando a recompensa para quem fornecesse informações sobre Maduro em um valor recorde: US$ 50 milhões (R$ 274 milhões).
O anúncio foi feito pela secretária de Justiça, Pam Bondi, que publicou um vídeo na rede social X reiterando as acusações contra o ditador.
O Equador não se manifestou publicamente sobre a presença militar americana nas águas caribenhas, mas, em 14 de agosto, o presidente Daniel Noboa instruiu o CNI (Centro Nacional de Inteligência) a investigar as possíveis ligações do cartel venezuelano com gangues criminosas que operam em seu país.
Em posição semelhante está o Paraguai. O Senado do país também declarou o grupo venezuelano uma organização terrorista. O decreto ainda precisa ser sancionado pelo presidente Santiago Peña.