EUA: Analistas veem ação no mar da Venezuela como pressão – 20/08/2025 – Mundo

EUA: Analistas veem ação no mar da Venezuela como pressão


Apesar da iniciativa dos Estados Unidos de enviar três navios de guerra para águas próximas à Venezuela, analistas consideram pouco provável que os americanos avancem para uma invasão ao país.

A estratégia do governo americano, avaliam três analistas ouvidos pela Folha, seria a de aumentar a pressão sobre o ditador venezuelano, Nicolás Maduro, com a presença militar na região e também fazer acenos a determinadas alas do Partido Republicano, além de eleitores.

Francisco Rodríguez, pesquisador sênior do think tank Centro de Pesquisa Econômica e de Políticas Públicas e professor da Universidade de Denver, considera qualquer invasão um cenário improvável.

“Não vejo nenhum apetite no governo dos EUA ou na opinião pública americana para se envolver em um novo conflito militar. Aliás, o presidente Trump se comprometeu a não envolver os EUA em novos conflitos militares. Não haveria apoio para isso, nem seria sensato do ponto de vista militar”, afirma.

Nas últimas semanas, o governo Trump ampliou de US$ 25 milhões para US$ 50 milhões a recompensa por informações que possam levar à prisão de Maduro. E, nesta semana, três destróieres americanos da classe Arleigh Burke, armados com sistemas antimíssil Aegis e mísseis de ataque, aproximaram-se da costa da Venezuela como parte de um esforço para combater os cartéis de drogas da América Latina.

A notícia foi divulgada pela agência de notícias Reuters na segunda-feira (18). Na terça (19), a porta-voz do governo americano, Karoline Leavitt, afirmou que o país usará “toda a força” contra o regime da Venezuela.

“O presidente [Donald Trump] está preparado para usar toda a força americana com o objetivo de impedir que as drogas inundem nosso país, além de levar os responsáveis à Justiça. O regime de Maduro não é um governo legítimo —é um cartel narcoterrorista”, afirmou ela.

Apesar das declarações fortes, Rodríguez aponta políticas contraditórias dos EUA em relação à Venezuela. Para ele, de um lado, Trump sinaliza a retomada da negociações com o regime ao permitir que a Chevron produza petróleo no país; de outro, busca dar indícios de que está endurecendo a política contra Maduro.

“O governo Trump tenta fazer duas coisas ao mesmo tempo: lidar com Maduro financeira e economicamente através do comércio de petróleo, e, ao mesmo tempo, tomar medidas que fazem parecer que estão indo atrás do Maduro e, portanto, satisfazem seus eleitores de linha dura, que são importantes”, diz.

Os EUA autorizaram de novo a licença da Chevron para produzir petróleo na Venezuela, o que, na prática, representa um abrandamento da política em relação ao regime venezuelano.

O retorno da licença foi dado só cinco meses após o governo Trump anunciar que cancelaria a licença do grupo devido a preocupações com direitos humanos.

Rodríguez pondera que, ainda no primeiro mandato, Trump tomou atitudes que motivaram ainda mais preocupação. O governo reconheceu o opositor Juan Guaidó como presidente. E, em 2020, determinou também o envio de navios de guerra à Venezuela —naquela época, o republicano falava explicitamente sobre invadir o país.

Ricardo Zúñiga , ex-vice-secretário de Estado para o Hemisfério Ocidental, diz ser improvável que o governo americano avance de fato sobre a Venezuela, mas acrescenta que as ações recentes servem para intimidar Maduro.

“Eles não vão invadir a Venezuela. A mensagem que querem colocar na mente da liderança venezuelana é que, potencialmente, eles poderiam fazer isso se assim escolhessem. Mas isso parece extremamente improvável neste momento”, avalia.

Zúñiga também diz que o governo Trump tenta enviar uma mensagem à Venezuela de que estão militarizando a ofensiva contra organizações criminosas na região. O governo americano atrelou Maduro ao cartel Tren de Aragua, classificado de grupo terrorista pelos EUA.

O resultado disso, porém, é que ampliou a tensão na América Latina, porque, embora a medida seja direcionada à Venezuela, outros países passaram a pensar que a ofensiva também se direciona a eles, diz Zúñiga .

“A mensagem é sobre presença. E eu não acho que eles pretendiam enviar essa mensagem para todos esses outros países. Mas eu garanto que o governo Trump está bastante feliz que os outros países estejam interpretando dessa maneira”, afirma o diplomata, que também foi responsável pela América Latina no Conselho de Segurança Nacional dos EUA de 2012 a 2015, na gestão Barack Obama.

Para Zúniga, tentar demonstrar o cerceamento do regime em outras frentes é uma forma de sinalizar ao eleitorado e à Venezuela que os EUA não estão pegando leve com o país. “Acho que muitas das ações contra a Venezuela ocorrem porque eles acabaram de reautorizar uma licença que existia antes”, diz.

“Em outras palavras, quase não há diferença entre a política real de Trump em relação à Venezuela e a do [ex-presidente] Biden. Essa é a realidade. E então precisa haver algo midiático, fazer um show”, acredita.

Nesta quarta, Maduro afirmou haver “agressões imperialistas”. A declaração foi dada em cúpula da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América —formada pela Venezuela, Cuba, Bolívia, Nicarágua, Dominica, Antigua e Barbuda e São Vicente e Granadinas. O ditador afirmou que América Latina e o Caribe formam um território em disputa entre “forças dos povos independentistas e de luta e as forças obscurantistas estadunidenses”.

Antes, na terça (19), Maduro afirmou que “nenhum império tocará o solo sagrado da Venezuela“. A fala, transmitida pela televisão, ocorreu em um evento com governadores e prefeitos em Caracas. O ministro da Justiça do país, Diosdado Cabello, também compareceu.

“Defendemos nossos mares, nossos céus e nossas terras. Nós os libertamos. Nós os guardamos e patrulhamos. Nenhum império tocará o solo sagrado da Venezuela, nem deve tocar o solo sagrado da América do Sul“, afirmou Maduro.

As declarações foram uma reação ao envio de navios de guerra dos Estados Unidos às águas do país. Maduro também disse que mobilizaria 4,5 milhões de milicianos em resposta aos EUA.



Fonte CNN BRASIL

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