Uma frota naval dos Estados Unidos que havia sido deslocada para o Caribe, em meio a tensões com a Venezuela, retornou na terça-feira (19) ao porto de Norfolk, no estado da Virgínia, para evitar o furacão Erin, que passa pela costa leste do país. A informação é do site especializado USNI News, e um observador de navios registrou a chegada da frota de volta ao porto.
O grupo anfíbio de prontidão USS Iwo Jima, que inclui os navios de assalto anfíbio USS Iwo Jima, USS Fort Lauderdale e o USS San Antonio, deixaram o porto de Norfolk há cinco dias, no que seria a primeira mobilização de um grupo anfíbio de prontidão dos EUA em oito meses.
O furacão Erin, que passou por ilhas do Caribe na categoria 2, adquiriu a categoria 5 enquanto se movimenta ao longo da costa leste dos EUA. A tempestade pode provocar ventos e chuvas fortes em estados como Virgínia e Maryland nesta semana.
A missão para as águas internacionais no Caribe, iniciada no fim da semana que vem, envolvia além de oficiais do grupo anfíbio a 22ª Unidade Expedicionária de Fuzileiros Navais, que seriam incorporados ao Comando Sul (Southcom).
O deslocamento é visto como pressão contra o regime de Nicolás Maduro na Venezuela. Também foram enviados três destróieres para águas próximas do país sul-americano.
Cada um desses três destróieres da classe Arleigh Burke é equipado com um poderoso sistema de defesa contra mísseis, o Aegis, e carrega até 96 mísseis diversos, com ênfase no modelo de cruzeiro Tomahawk —que, desde a Guerra do Golfo de 1991, é o símbolo dos ataques de precisão à distância dos Estados Unidos.
Os três navios, USS Gravely, USS Jason Dunham e o USS Sampson são da recente geração 2A da classe, esteio naval americano com 74 embarcações em serviço. Com hipotéticos 288 mísseis para uma única salva, eles projetam mais poder de fogo do que toda a Marinha venezuelana —na prática, do que toda a Venezuela.
Na semana passada, Trump já havia assinado de forma sigilosa uma diretriz que autoriza o Pentágono a empregar militares em ações contra determinados cartéis de drogas da América Latina classificados por sua administração de organizações terroristas, segundo autoridades próximas à discussão ouvidas pelo jornal The New York Times.
Há semanas, o governo Trump pressiona Maduro. Além de nomeá-lo narcotraficante chefe do chamado Cartel de los Soles e dobrar a recompensa por informações que levem a sua captura, a Casa Branca reforçou nos últimos dias que o regime Maduro é ilegítimo.
“O presidente [Donald Trump] está preparado para usar toda a força americana com o objetivo de impedir que as drogas inundem nosso país, além de levar os responsáveis à Justiça. O regime de Maduro não é o governo legítimo —é um cartel narcoterrorista”, afirmou a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, na terça.
Logo no começo de seu mandato, em fevereiro, Trump classificou o cartel de Sinaloa, do México, e o grupo Tren de Aragua, da Venezuela, de organizações terroristas estrangeiras. O governo ainda prometeu intensificar a fiscalização migratória contra supostos integrantes das gangues.
A designação é tradicionalmente reservada a organizações que usam a violência para fins políticos, caso da Al-Qaeda e do Estado Islâmico. O governo Trump argumenta, no entanto, que as operações internacionais dos grupos da América Latina —incluindo tráfico de drogas, contrabando de migrantes e campanhas violentas para expandir territórios— justificam o rótulo.
As ações desta semana aumentaram as tensões na relação entre a Venezuela e os EUA. O regime venezuelano anunciou a suspensão e proibição de atividades relacionadas a aeronaves pilotadas e não pilotadas para “salvaguardar a segurança” do país.