EUA:Redesenho de distritos eleitorais vira guerra política – 21/08/2025 – Mundo

EUA:Redesenho de distritos eleitorais vira guerra política - 21/08/2025 -


A aprovação das propostas para redesenhar os distritos eleitorais dos estados do Texas da Califórnia, após duas semanas de disputa entre democratas e republicanos, reflete a temperatura da guerra política nos Estados Unidos e antecipa a campanha legislativa do próximo ano.

No Texas, a manobra foi aprovada na noite de quarta (20) com a chancela do presidente Donald Trump, com o objetivo de garantir ao Partido Republicano cinco novas cadeiras na Câmara dos Representantes dos EUA nas eleições de meio de mandato de 2026.

O revide democrata veio um dia depois: deputados da Califórnia aprovaram nesta quinta-feira (21) um pacote de leis para redesenhar o mapa eleitoral no estado em favor do partido.

A nova distribuição também pode ajudar a sigla a conquistar cinco cadeiras e consolidar quatro distritos competitivos, mas precisará ser aprovada pela população da Califórnia por meio de referendo.

Diferentemente do Brasil, onde eleitores em cada estado votam sem divisão geográfica interna para eleger deputados federais, membros da Câmara dos EUA são escolhidos para representar distritos específicos.

Os limites territoriais desses distritos são definidos pelo Legislativo de cada estado com o objetivo, em teoria, de dividir a unidade da Federação em blocos com o mesmo número de eleitores.

É nesse processo que ocorre o chamado gerrymandering —prática de redesenhar os mapas distritais a fim de criar maiorias artificiais e ajudar a eleger deputados que, do contrário, não venceriam a disputa.

Apesar de questões éticas, o gerrymandering é comum nos EUA e ocorre porque, no sistema bipartidário americano, eleitores raramente mudam de voto ao longo dos anos —sendo possível ao partido no poder identificar onde moram seus apoiadores e, dessa forma, diluir os eleitores do rival enquanto concentra os seus.

Embora a prática já tenha sido utilizada, nunca antes essa disputa foi tão às claras como agora.

A conquista dos legisladores republicanos no Texas, que dominam a política do estado sulista há mais de duas décadas, ocorreu após dezenas de democratas encerrarem um boicote de duas semanas que havia bloqueado a tramitação da proposta.

Os deputados aprovaram o novo mapa com 88 votos a favor e 52 contrários, seguindo as linhas partidárias, em uma sessão tensa.

O novo mapa cria distritos em regiões que Trump venceu nas eleições do ano passado. E desenha áreas de cidades como Houston, Dallas e San Antonio, que pendem para os democratas, de maneira que agora favorece os republicanos. O mesmo acontece com dois distritos próximos da fronteira com o México.

Em San Antonio, por exemplo, o novo mapa eliminou um distrito que elegeu um representante democrata no último pleito. Isso deverá criar uma nova cadeira republicana na eleição do ano que vem, já que a nova área delimitada reúne eleitores dos subúrbios mais conservadores da cidade.

O Partido Republicano atualmente controla 25 dos 38 distritos do Texas sob um mapa aprovado há quatro anos.

O novo desenho ainda não está valendo —mas os próximos passos devem avançar de maneira rápida. A proposta agora seguirá para o Senado estadual, em que a sua aprovação é dada como certa e poderá ocorrer ainda nesta semana. Depois, será enviada para a sanção do governador do Texas, o republicano Greg Abbott, que apoiou a iniciativa.

Há uma expectativa de que a medida seja questionada na Justiça. Democratas afirmam que a mudança fere a Lei dos Direitos de Voto, de 1965.

Vários dos novos distritos desenhados para favorecer o Partido Republicano têm maioria de eleitores hispânicos. A estratégia sugere que os republicanos, além de se anteciparem ao prever uma possível batalha judicial, estão apostando em manter esse grupo que conquistaram, particularmente no Texas, nas últimas eleições.

A iniciativa do Texas ecoa em outros estados, e deve ser a primeira de muitas disputas de mapas eleitorais no país.

Os democratas da Califórnia não demoraram em reagir —mas aqui o caminho não é tão fácil, pois as mudanças precisariam passar por uma comissão independente e bipartidária e ser aprovadas pelos eleitores em um referendo.

O pacote aprovado inclui, portanto, uma emenda que contorna temporariamente a comissão, que foi criada justamente para remover a partidarização do processo e garantir representação justa aos eleitores.

O governador da Califórnia, o democrata Gavin Newsom, pretende convocar o referendo em novembro para aprovar o novo mapa.

Os democratas defendem iniciativa, que dribla o processo independente e bipartidário de redefinição de distritos no estado, como uma estratégia emergencial e temporária para combater a força republicana.

Estado mais populoso dos EUA, a Califórnia tem mais representantes no Congresso do que qualquer outro, com 52, dos quais 43 são democratas e nove, republicanos.

Há movimentação em outros estados republicanos, incluindo Indiana, Missouri e Flórida. A redefinição de distritos em Ohio, obrigatória por lei estadual, também pode beneficiar o partido de Trump.

Do lado democrata, o governador de Illinois, J.B. Pritzker, não descartou a possibilidade de fazer uma mudança no estado. No entanto, o seu partido já ocupa 14 dos 17 distritos. Os democratas de Nova York também têm interesse em redesenhar os mapas eleitorais, mas teriam de alterar a Constituição estadual, o que provavelmente significa que nenhuma mudança ocorreria antes de 2028.

A batalha é importante pois, a nível nacional, os republicanos têm maioria estreita, de apenas três assentos, na Câmara dos Representantes. O partido conquistou 435 cadeiras nas eleições do ano passado.

O partido do presidente historicamente perde assentos na Casa na primeira eleição de meio de mandato, e os índices de aprovação de Trump caíram desde que ele assumiu o cargo em janeiro.

Por isso, o resultado da batalha dos mapas eleitorais pode ter uma influência importante sobre qual partido terá o controle da Câmara —e já configura uma prévia do quão acirrado o pleito de 2026 deverá ser.

Os democratas veem a conquista da Câmara em 2026 como uma forma crucial de conter Trump na segunda metade de seu mandato.



Fonte CNN BRASIL

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