Os irmãos Lyle e Erik Menéndez, presos pelo assassinato dos pais em 1989, falarão a partir desta quinta-feira (21) para uma comissão judicial encarregada de avaliar seu pedido de liberdade condicional.
Eles foram condenados à prisão perpétua sem direito a condicional em caso que chocou os Estados Unidos na década de 1990. Seu julgamento foi um dos primeiros transmitidos pela televisão, e a história voltou às manchetes graças a uma série e a um documentário da Netflix no ano passado.
Para obterem a liberdade condicional, os irmãos —que alegaram abusos sexuais cometidos pelo pai como justificativa para o crime— precisam demonstrar arrependimento e provar que não representam perigo para a sociedade.
Após mais de três décadas atrás das grades e condenados à prisão perpétua sem possibilidade de redução de pena, eles conquistaram uma vitória judicial importante em maio, quando a Justiça americana suavizou os termos da sentença.
Isso lhes deu direito de solicitar liberdade condicional, que agora deve ser decidida por uma comissão do Departamento de Serviços Correcionais e de Reabilitação da Califórnia.
Formada por dois ou três membros, a comissão os ouvirá por videoconferência a partir da prisão em San Diego. Erik, 54, será ouvido nesta quinta-feira (21), enquanto o caso de Lyle, de 57 anos, será examinado nesta sexta (22).
Mesmo que a liberdade seja recomendada, os irmãos Menéndez não deixarão a prisão imediatamente. O processo pode durar até quatro meses, e o governador da Califórnia, Gavin Newsom, terá a palavra final.
“Durante mais de 35 anos, eles demonstraram uma evolução constante. Assumiram toda a responsabilidade por seus atos”, diz um comunicado da Justice for Erik and Lyle Coalition, grupo de apoio que inclui membros da família.
A liberdade condicional dos irmãos é defendida por familiares e conta com o apoio de celebridades como Kim Kardashian.
O assassinato do poderoso empresário musical de origem cubana José Menéndez e de sua esposa, Kitty Menéndez, abalou os americanos em 1989.
Os irmãos, então com 21 e 18 anos, abriram fogo contra os pais enquanto eles viam televisão. Dispararam várias vezes e chegaram a recarregar a arma antes de matar a mãe.
Inicialmente, tentaram atribuir o brutal homicídio à máfia. No entanto, após a confissão de Erik ao terapeuta, as autoridades rapidamente os prenderam.
Em um julgamento muito midiático, a defesa alegou que o crime foi consequência de anos de abuso psicológico e sexual por parte de um pai violento e de uma mãe negligente. Já a Promotoria acusou os irmãos de planejar o duplo homicídio para herdar uma fortuna milionária.
Um primeiro júri não chegou a um veredicto unânime, mas o segundo julgamento terminou com a condenação à prisão perpétua.
O promotor de Los Angeles, Nathan Hochman, litiga contra a libertação sob o argumento de que os irmãos não demonstraram arrependimento pelo crime e de que não há fundamentos legais que justifiquem um novo julgamento ou mudança da sentença.