A Coreia do Norte construiu uma base militar secreta perto de sua fronteira com a China que poderia abrigar os mísseis balísticos de longo alcance mais modernos de Pyongyang, de acordo com relatório publicado nesta quarta-feira (20) pelo Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), com sede em Washington.
A instalação de mísseis “não declarada” de Sinpung-dong fica a 27 quilômetros da fronteira chinesa. Localizada na província de Pyongan do Norte, a base deve abrigar de seis a nove mísseis balísticos intercontinentais com capacidade nuclear e seus lançadores, afirma o documento.
O texto acrescenta que as armas “representam uma ameaça nuclear potencial para o leste da Ásia e o território continental dos Estados Unidos“.
O relatório, que o CSIS classificou como a primeira confirmação exaustiva e de fontes abertas sobre Sinpung-dong, afirma que a infraestrutura é uma das “entre 15 e 20 bases de mísseis balísticos, instalações de manutenção, armazenamento de projéteis e ogivas que a Coreia do Norte nunca declarou”.
Pyongyang intensificou seu programa nuclear desde uma reunião de cúpula fracassada no Vietnã com os Estados Unidos em 2019. Durante o encontro, o presidente Donald Trump e o líder norte-coreano Kim Jong-un não chegaram a um acordo sobre o que a Coreia do Norte cederia em troca da suspensão das sanções internacionais.
Coreia do Sul e Estados Unidos iniciaram nesta semana manobras conjuntas, que incluem a avaliação de uma resposta aprimorada às crescentes ameaças nucleares do regime norte-coreano.
Em resposta, Kim pediu a “rápida expansão” da capacidade atômica da nação e chamou os exercícios militares entre EUA e Coreia do Sul de uma “óbvia expressão de sua vontade de provocar guerra”, informou a mídia estatal KCNA na terça-feira (19).
Seul e Washington afirmam que as manobras têm caráter puramente defensivo.
Pyongyang também se aproximou da Rússia após a invasão da Ucrânia, fornecendo tropas para a campanha militar de Moscou que já dura mais de três anos.
Coreia do Norte e Rússia, ambos sob fortes sanções internacionais, assinaram no ano passado um acordo militar que inclui uma cláusula de defesa mútua, durante uma rara visita do presidente russo, Vladimir Putin, a Pyongyang.
Agências de inteligência da Coreia do Sul e de países ocidentais relataram que Pyongyang enviou no ano passado mais de 10 mil soldados para a região russa de Kursk, junto com projéteis de artilharia, mísseis e sistemas de foguetes de longo alcance.
Cerca de 600 soldados norte-coreanos morreram, e milhares ficaram feridos combatendo pela Rússia, segundo funcionários sul-coreanos.
O governo dos Estados Unidos afirma que há evidências de que Moscou está intensificando seu apoio a Pyongyang em tecnologia espacial e de satélites, em troca da ajuda no território ucraniano.
Analistas afirmam que os lançadores de satélites e os mísseis balísticos intercontinentais compartilham grande parte da mesma tecnologia de base.