O migrante salvadorenho Kilmar Ábrego García, que estava preso nos Estados Unidos após ter sido deportado por engano para El Salvador, foi solto nesta sexta-feira (22), segundo seus advogados, para responder em liberdade à acusação de tráfico de pessoas.

García virou símbolo das políticas anti-imigração de Donald Trump, e sua defesa diz temer que ele possa ser deportado novamente.

O salvadorenho foi detido em março de 2025 por agentes do ICE, o serviço de imigração americano, enquanto dirigia com seu filho no estado de Maryland.

Três dias depois, sem aviso prévio, processo legal ou audiência, ele foi deportado para El Salvador —país de onde havia fugido ainda adolescente em decorrência da violência de gangues. A deportação ocorreu apesar de uma ordem judicial vigente que proibia sua remoção do território americano.

O governo dos EUA posteriormente admitiu que o episódio foi resultado de um erro administrativo. Garcia foi devolvido aos EUA em junho e ficou preso desde então enquanto aguardava julgamento do caso.

Ele agora é acusado de transportar imigrantes em situação irregular dentro dos EUA em um esquema que teria durado quase dez anos e que teria tido o envolvimento da facção salvadorenha MS-13.

Ábrego nega as acusações e declarou-se inocente à Justiça. Seus advogados solicitaram ao juiz distrital em Nashville, Waverly Crenshaw, que rejeitasse as acusações, argumentando que ele sofria retaliação por ter processado o governo Trump contestando sua deportação injusta.

No mês passado, ele conseguiu duas vitórias judiciais. Uma juíza federal determinou que ele deveria ser solto sob fiança, mas adiou a libertação de Abrego por um mês a pedido dos advogados, diante do risco de que ele fosse imediatamente detido e deportado pelas autoridades migratórias ao deixar a prisão.

A juíza distrital Paula Xinis, em Greenbelt, Maryland, que supervisiona o processo civil que contesta a legalidade de sua deportação, ordenou que as autoridades deem ao menos três dias de antecedência aos seus advogados antes de tentarem deportá-lo novamente para outro país, para que eles tenham a oportunidade de contestar a saída.

Os advogados do salvadorenho disseram que contrataram uma empresa de segurança privada para transportá-lo de volta a Maryland, onde ele deve se apresentar a um oficial de supervisão.