Como as previsões de furacões mudaram depois do Katrina – 01/09/2025 – Ambiente

Como as previsões de furacões mudaram depois do Katrina -


O furacão Katrina atingiu a costa do Golfo em 29 de agosto de 2005, com rajadas de vento superiores a 210 km/h e uma elevação do nível da água maior que um prédio de dois andares. A água deixou a costa em ruínas e invadiu Nova Orleans (EUA) através dos diques rompidos, inundando 80% da cidade por vários dias. Quase 1.400 pessoas morreram.

Dois dias antes, Max Mayfield, então diretor do Centro Nacional de Furacões, fez uma ligação para o prefeito da cidade. Mayfield lembra que, após desligar, virou-se para uma pessoa ao seu lado e expressou preocupação: “Ele não entendeu”.

Dias antes de a tempestade atingir a costa do Golfo, os meteorologistas do Centro Nacional de Furacões já sabiam para onde o Katrina iria e quão forte provavelmente seria. Eles sabiam que seguiria quase exatamente o mesmo caminho do furacão Camille —ainda um dos mais intensos já registrados— em 1969.

Mayfield disse que ele e outros tiveram dificuldade em convencer as pessoas que estavam no caminho da tempestade a levá-la a sério. “Se você não comunica a previsão às pessoas certas de forma eficaz, a sua previsão não serve para nada”, disse. “Se as pessoas não respondem, é esforço desperdiçado.”

Michael Brennan, atual diretor do Centro Nacional de Furacões, disse que desde o Katrina meteorologistas e autoridades de emergência aprenderam lições cruciais, não apenas sobre como prever furacões, mas sobre como comunicar os perigos que eles representam.


O Katrina não foi o primeiro furacão a atingir a cidade, e não será o último. Veja o que mudou desde então:

Financiamento de previsão cresceu

Desde o Katrina, “tudo mudou”, disse Brennan.

O Congresso dos Estados Unidos criou o que hoje é conhecido como Programa de Melhoria da Previsão de Furacões, que aumentou o número de funcionários no Centro Nacional de Furacões, em Miami.

O programa também fez investimentos significativos em modelagem computacional específica para furacões.

Avanços tecnológicos aumentaram a qualidade e a quantidade de dados inseridos nos modelos nas fases iniciais de uma tempestade, o que dá aos meteorologistas uma vantagem para saber para onde ela provavelmente irá.

Tanto Brennan quanto Mayfield disseram que, dadas as ferramentas disponíveis em 2005, a previsão para o Katrina foi excepcionalmente boa, embora não perfeita.

Os satélites que rastrearam o Katrina eram de ponta na época, capazes de capturar uma imagem da tempestade a cada cinco minutos, mas tinham uma falha crítica: suas baterias solares ficavam fracas ao passar pela sombra da Terra. No dia anterior à chegada da tempestade, os satélites ficaram inoperantes por duas horas justamente quando a tempestade estava se intensificando.

Satélites mais modernos, em operação desde 2016, podem fornecer imagens em alta definição a cada minuto, sem períodos de inatividade prolongados.

A trajetória inicial da previsão do Katrina indicava que o furacão se moveria para a Flórida, mas em 27 de agosto, a rota mudou para a Louisiana. Naquele momento, Mayfield achava que a tempestade poderia se intensificar, mas os modelos de previsão da época eram notoriamente imprecisos para prever a intensificação rápida que ocorreu com o Katrina no dia seguinte.

Hoje, os erros nas previsões de trajetória diminuíram drasticamente, e os modelos especializados, embora ainda imperfeitos, oferecem uma indicação muito melhor sobre a possibilidade de intensificação de uma tempestade, segundo Brennan.

Mas os meteorologistas ainda podem ser surpreendidos por uma tempestade, ele alertou. Ele lembrou do furacão Otis em 2023, que se formou como uma tempestade tropical em 24 de outubro e atingiu a costa um dia depois, perto de Acapulco, no México, como um furacão de categoria 5. Os modelos falharam em prever o que o Otis faria e com que rapidez, e mais de 50 pessoas morreram.

Pesquisadores descobriram que as mudanças climáticas podem não estar causando mais furacões, mas provavelmente estão fazendo com que algumas tempestades se intensifiquem mais rapidamente.

Compreensão melhorou

Uma das partes mais mortais do furacão Katrina foi a maré de tempestade, uma parede de água que é empurrada pelos ventos fortes do furacão. Foi essa maré que rompeu os diques e inundou Nova Orleans. Após a tempestade, este foi o tema que mais confundiu alguns especialistas. Eles tiveram dificuldade em identificar a altura da maré, pois os medidores que a registrariam foram levados pela água.

Hermann M. Fritz, professor de engenharia civil no Instituto de Tecnologia da Geórgia, é especialista em perigos costeiros como a maré de tempestade.

Sua primeira parada após o Katrina foi nas ilhas barreira do golfo do México, onde viu que a água havia arrancado a casca das árvores, o que ajudou ele e outros especialistas a estimar não apenas a altura da maré, mas também a força dos ventos enquanto Katrina se aproximava da costa.

“A maioria das pessoas não morre por causa do vento”, disse Fritz. “Mesmo com ventos de 320 km/h, você não terá milhares de fatalidades. Só vai ter isso com inundações causadas pela maré de tempestade.”

E o momento atual?

A administração Trump fez cortes significativos em muitas agências envolvidas em desastres naturais, incluindo a Agência Federal de Gestão de Emergências (Fema, na sigla em inglês), o Serviço Nacional de Meteorologia e a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (Noaa).

James Franklin, meteorologista aposentado que já foi chefe de equipe no Centro Nacional de Furacões, chamou o investimento após Katrina de “o maior sucesso que consigo lembrar do ponto de vista orçamentário.”

Ele acrescentou: “Isso levou a melhorias realmente notáveis na precisão das previsões”.

Mas com os cortes deste ano, ele e outros temem que o progresso futuro possa ser prejudicado. “As próximas gerações de melhorias têm menos chance de acontecer”, disse.

Brennan espera ver melhorias nas previsões de inundações. Durante o furacão Helene no ano passado, o Centro de Furacões emitiu o que ele chamou de comunicado “sem precedentes” sobre o potencial de inundações na Carolina do Norte, para “basicamente soar o alarme sobre o risco de inundação nas montanhas Apalaches.”

Ainda assim, a extensão do impacto da tempestade tão longe do litoral pegou muitas pessoas de surpresa.

“Aprendemos algo com cada evento”, disse Brennan. “Aprendemos lições com o Katrina que ajudam a melhorar previsões, produtos, serviços e a forma como nos comunicamos daqui para frente. E aprendemos com os furacões Ian e Helene.”



Fonte CNN BRASIL

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