O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, viajou a Pequim nesta semana para confraternizar com os líderes da China e da Rússia, dois de seus principais aliados. Mas ele parece ter tido outro propósito para a viagem: apresentar sua filha como possível sucessora.
A filha, Kim Ju-ae, acompanhou Kim a Pequim, onde ele se juntou a líderes de mais de 20 países em um desfile militar na quarta-feira (3). Depois que o trem especial que levava a comitiva de Kim chegou à Estação Ferroviária de Pequim na terça-feira (2), Ju-ae permaneceu perto do pai enquanto era recebido por altos funcionários chineses, segundo fotos divulgadas pela mídia estatal norte-coreana.
Foi a primeira viagem internacional conhecida de Ju-ae ao lado de Kim.
Ju-ae é a única filha de Kim a aparecer na mídia estatal norte-coreana, que se refere a ela como “querida filha”. Ainda que não seja uma informação pública, especula-se que tenha 12 anos. Desde o final de 2022, ela tem acompanhado o pai em desfiles militares, testes de armas e outros eventos políticos importantes no país.
Analistas sul-coreanos disseram que Kim parece estar preparando-a como herdeira, embora tenham sido cautelosos para não tirar conclusões precipitadas. O fato de ele tê-la levado em sua primeira viagem à China em seis anos e a um grande encontro de líderes internacionais é um novo sinal significativo de sua crescente importância.
Yang Moo-jin, ex-reitor da Universidade de Estudos Norte-Coreanos, em Seul, disse que a menina estava passando pelo ritual de “se apresentar” à liderança da China, o aliado mais importante da Coreia do Norte.
A cena na estação de Pequim “mostrou que ela estava sendo tratada como número dois da Coreia do Norte não apenas em casa, mas também no exterior”, disse Cheong Seong-chang, especialista em Coreia do Norte do Instituto Sejong, em Seul. “Ao levá-la à China, Kim Jong-un está enviando um forte sinal ao mundo de que ela será sua sucessora.”
Embora Kim tenha sido designado sucessor de seu pai, Kim Jong-Il, ainda jovem, esse status foi mantido em segredo até que seu pai sofreu um derrame em 2008.
O encontro em Pequim destacou a transformação de Kim de pária internacional com armas nucleares em um ator global. Ele conseguiu certa alavancagem diplomática aproximando-se da China em meio à rivalidade entre Pequim e Washington, e intervindo na guerra da Rússia contra a Ucrânia.