O assassinato de Charlie Kirk —fundador de um movimento político juvenil que ajudou a revolucionar o conservadorismo moderno— na Utah Valley University nesta quarta-feira (10) é uma tragédia. Sua morte também faz parte de uma onda terrível de violência política nos Estados Unidos.
Só no ano passado, um atirador matou uma deputada estadual de Minnesota e seu marido e atirou em outro político de Minnesota e sua esposa; um homem incendiou a casa do governador Josh Shapiro, da Pensilvânia; e um aspirante a assassino atirou em Donald Trump durante a campanha eleitoral. Em 2022, um agressor invadiu a casa da deputada Nancy Pelosi e fraturou o crânio de seu marido. Em 2021, uma multidão violenta atacou o Congresso, quebrando janelas e agredindo policiais. Em 2017, um atirador baleou quatro pessoas em um treino republicano para o jogo de beisebol do Congresso, ferindo gravemente o deputado Steve Scalise, da Louisiana.
Embora os motivos do assassino de Kirk não sejam claros, Kirk era uma figura política proeminente que discursava em um evento político. Seu assassinato tem consequências políticas.
Essa violência é antitética aos Estados Unidos. A Primeira Emenda —a primeira por uma razão— consagra nossos direitos à liberdade de expressão e manifestação. Nosso país se baseia no princípio de que devemos discordar pacificamente. Nossas divergências políticas podem ser intensas e emocionais, mas nunca devem ser violentas. Esse equilíbrio requer moderação. Os americanos precisam aceitar que seu lado às vezes perderá e que podem sentir raiva por suas derrotas. Não podemos agir com violência por conta dessa raiva.
Muitos americanos estão abandonando esse ideal. 34% dos estudantes universitários disseram recentemente que apoiavam o uso da violência em algumas circunstâncias para impedir um discurso no campus, de acordo com uma pesquisa da Fundação para os Direitos Individuais e a Expressão publicada um dia antes do atentado contra Kirk. Desde 2021, essa porcentagem subiu de 24%, o que já era inaceitavelmente alto. Pesquisas com adultos mais velhos são igualmente alarmantes.
Este conselho editorial discordava de Kirk em muitas questões políticas e estamos absolutamente horrorizados com seu assassinato. Lamentamos por seus entes queridos. Lamentamos sua morte. Amanda Litman, presidente do grupo de esquerda Run for Something, ofereceu uma resposta apropriada: “A violência política tem como objetivo assustar e silenciar —ela é absolutamente inaceitável. Não precisamos concordar com alguém para afirmar que essa pessoa tem o direito de expressar sua opinião sem temer por sua vida ou segurança.” Muitos democratas e republicanos proeminentes expressaram sentimentos semelhantes.
Quaisquer que sejam os motivos do assassino, está evidente que a violência política é um problema que se estende por todas as ideologias. Conservadores, moderados e liberais proeminentes têm sido vítimas nos últimos anos.
A intensidade de nossos debates políticos não desaparecerá. Os riscos são muito altos e o país discorda em muitas questões importantes. Mas nós, americanos, perdemos um pouco de nossa elegância e empatia nos últimos anos. Muitas vezes desejamos o mal aos nossos oponentes políticos. Agimos como se o valor das pessoas fosse determinado pelo fato de se identificarem como republicanas ou democratas. Desumanizamos aqueles com quem discordamos.
Este é um momento para baixar o volume e refletir sobre nossa cultura política. É um momento para moderação, em vez de ciclos de vingança ou suspensão das liberdades civis, como alguns pediram na quarta-feira. É também um momento para nos envolvermos com pessoas que têm opiniões diferentes das nossas. Quando as sociedades perdem a capacidade de discutir pacificamente e recorrem à violência para resolver seus debates políticos, isso geralmente termina muito mal.