Chicago autoriza nado em rio após um século de poluição – 24/09/2025 – Mundo

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No início da manhã de domingo, espectadores se acotovelaram para ver o rio Chicago e testemunhar algo que não acontecia lá havia quase um século. Pessoas estavam nadando nele.

No coração do Loop, no centro da cidade, cercados de arranha-céus modernistas, centenas de nadadores tiraram roupões brancos de tecido felpudo idênticos, um por um. Enquanto as multidões acima deles gritavam e um DJ tocava, os nadadores ajustavam suas toucas e óculos.

“Isso é história”, disse a nadadora, Lovie Twine, 54. “Vou aproveitar meu tempo lá dentro [do rio]. Quero uma hora inteira.” Ela soltou um pequeno grito de alegria e, então, mergulhou.

A última vez que Chicago autorizou uma natação em grupo no local foi em 1927, uma tradição interrompida pelas cargas de resíduos industriais e humanos que eram despejados na água de forma rotineira. Foram necessárias décadas de cooperação entre grupos ambientais e autoridades eleitas —incluindo pelo menos quatro prefeitos— para limpar o rio.

A Lei da Água Limpa, nos anos 1970, foi um ponto de virada na redução da poluição industrial. Um sistema de túneis e reservatórios conhecido como “deep tunnel” ajudou a reduzir inundações e redirecionar águas pluviais e esgoto para reservatórios longe do rio, que corta um caminho através de bairros residenciais nas zonas norte e sul de Chicago e o coração do centro da cidade.

Chicago se orgulha há muito tempo de uma façanha de engenharia na virada do século 20 que reverteu o fluxo do rio, enviando a poluição para longe do abastecimento de água potável da cidade.

“Nós o construímos e o projetamos. Revertemos seu fluxo”, disse Alaina Harkness, diretora-executiva da Current, uma organização sem fins lucrativos em Chicago focada em inovação hídrica. “E agora estamos trabalhando para trazê-lo de volta a algo mais próximo de seu estado natural.”

Ambientalistas estão eufóricos com a recuperação. Dezenas de espécies de peixes estão aparecendo no rio. Águias-pescadoras e águias-americanas, outro sinal de biodiversidade saudável, foram avistadas caçando comida.

“Agora há lontras atrás da Ópera Lírica”, disse Margaret Frisbie, diretora-executiva da organização Amigos do Rio Chicago. “Vimos castores, ratos-almiscarados, tartarugas. Há vida selvagem por toda parte.”

Mas a percepção de que o rio Chicago é um depósito tóxico tem sido quase impossível de mudar.

Poucas pessoas conseguem se esquecer do incidente notório quando, em 2004, o motorista de um ônibus do grupo Dave Matthews esvaziou o tanque sanitário enquanto atravessava uma ponte sobre o rio. Passageiros em um passeio de barco abaixo foram encharcados com dejetos humanos.

Mesmo que os organizadores da natação tenham dito que os testes da água foram rigorosos, moradores antigos de Chicago franzem o nariz ao pensar em colocar apenas um dedo do pé na água. Amostras coletadas neste fim de semana mostraram que os níveis de bactérias ao longo do percurso da corrida estavam dentro dos limites seguros.

“Alguns antigos moradores de Chicago irão para o túmulo convencidos de que o rio é imundo”, disse Doug McConnell, um nadador de maratona.

O deputado Mike Quigley, que ajudou na limpeza do rio, chegou à natação na manhã de domingo, maravilhado que isso estivesse acontecendo em uma via fluvial antes considerada tão tóxica.

“Fedia”, disse ele. “A última coisa que você gostaria de fazer era entrar lá. Era veneno.”

Mas a relação dos moradores de Chicago com seu rio está mudando. Eles sempre se reuniram ao redor dele no Dia de São Patrício, em que o rio é tingido de verde-esmeralda. Desde que um calçadão mais amplo e acolhedor foi concluído há anos, o rio tem sido um atrativo para turistas tomarem vinho ou comerem gelato, e para moradores locais correrem ou passearem com seus cães.

No domingo, equipes de segurança em caiaques remaram ao lado dos nadadores, que foram escolhidos por sua experiência com natação em águas abertas, e salva-vidas alinharam-se ao longo do calçadão para ajudar os nadadores que não conseguissem completar o percurso. Apenas 3 dos 263 nadadores não terminaram.

Brad Culp, 40, jornalista, emergiu pingando e ficou sob um chuveiro ao longo do rio para se enxaguar. Ele costumava morar em um prédio próximo e nunca sonhou que seria possível nadar no rio.

“Engoli um grande gole de água, então estou um pouco preocupado com isso”, disse ele, meio brincando.

Durante o nado, ele parou para refletir sobre o fato de que estava realmente submerso no rio Chicago. “Não posso acreditar que estava flutuando de costas, olhando para meu antigo bairro.”



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