Diante da cruzada do presidente Donald Trump contra veículos de comunicação nos Estados Unidos, o jornal britânico The Guardian lançou uma campanha publicitária interativa pelas ruas de Nova York em que estimula os pedestres a “removerem a censura”.
A iniciativa consiste na instalação de um outdoor amarelo cuja maior parte do texto, em um primeiro momento, não pode ser lido porque está oculto por tarjas pretas. As pessoas que passam pelo local são convidadas a retirarem as tarjas para revelar a mensagem que defende a independência da imprensa.
“O Guardian não é o maior veículo de notícias dos EUA, nem o mais rico. Mas temos algo que outras redações globais não têm: independência total. Ninguém é nosso dono, nem nos diz o que podemos ou não publicar. Portanto, somos livres para fazer o trabalho que viemos aqui fazer: reportar o cenário completo”, afirma a mensagem. Um dos quadros foi instalado na área do Meatpacking District, em Manhattan.
A campanha, intitulada “O Cenário Completo”, foi lançada na segunda-feira (22) pelo Guardian em parceria com a agência Lucky Generals para destacar o papel do “jornalismo global, independente e livre”.
“Agora, com tantos veículos de comunicação americanos sob pressão e com outros optando por comprometer sua independência editorial, vemos este como o momento perfeito para nos reapresentarmos ao público americano”, disse Katharine Viner, editora-chefe do Guardian News & Media Guardian, ao site da publicação britânica.
Trump tem recorrido aos tribunais como parte de uma campanha para conter reportagens e comentários críticos a ele. No desdobramento mais recente de seu conflito contra a imprensa, anunciado na última sexta-feira (19), o Departamento de Defesa passou a exigir que jornalistas credenciados obtenham a aprovação do governo para publicar qualquer informação, confidencial ou não, que diga respeito à pasta. Os profissionais que não cumprirem a determinação podem perder a autorização de acesso ao Pentágono.
Antes, na terça-feira (16), Trump anunciou um processo de US$ 15 bilhões (R$ 79,6 bilhões) contra o jornal americano The New York Times, quatro repórteres do veículo e também contra a editora Penguin Random House por difamação e calúnia, além de citar danos à sua reputação.
O processo citava uma série de artigos do New York Times que dizia que ele não estava apto para o cargo, além de um livro publicado no ano passado pela Penguin que conta “como Donald Trump desperdiçou a fortuna de seu pai e criou a ilusão de sucesso”.
Dias depois, um juiz federal rejeitou a ação sob o argumento de que o processo violava regras federais para a apresentação de queixas civis.
Entre outras ações, Trump também liderou uma investida contra a Paramount, controladora da rede CBS. A empresa concordou em fazer um acordo para resolver um processo movido pelo presidente segundo o qual o programa de notícias da CBS “60 Minutes” editou uma entrevista com a ex-vice-presidente Kamala Harris com o suposto intuito de favorecê-la na disputa presidencial de 2024.
Na semana passada, em outro caso controverso, o apresentador Jimmy Kimmel teve o seu talk show suspenso pela emissora americana ABC News por pressão de Trump. A decisão foi tomada depois de Kimmel falar sobre Tyler Robinson, homem de 22 anos acusado de matar o influenciador trumpista Charlie Kirk, durante o programa. Ele voltou ao ar na terça-feira (23).