O braço armado do grupo terrorista Hamas afirmou neste domingo (28) que perdeu contato com dois reféns, Matan Angrest e Omri Miran, durante operações militares israelenses em dois bairros da Cidade de Gaza nas últimas 48 horas.
Os dois estão entre as 251 pessoas sequestradas durante o ataque de 7 de Outubro. Destas, 47 ainda permanecem em Gaza, mas 25 delas são consideradas mortas pelo Exército de Israel.
No comunicado, as Brigadas al-Qassam disseram ter exigido de Israel a suspensão dos ataques aéreos por 24 horas, a partir das 18h (12h de Brasília), nos bairros de Sabra e Tal al Hawa, na Cidade de Gaza, para retirar os reféns da zona de risco.
Esta não é a primeira vez que a facção palestina anuncia a perda de contato com um refém, como foi o caso de um israelense-americano que foi libertado poucos dias após o anúncio.
Também neste domingo, palestinos relataram à Reuters o avanço de tanques de Israel nos mesmos bairros.
Autoridades locais de saúde disseram não ter conseguido responder a dezenas de chamados de emergência de pessoas afetadas pela investida. O deslocamento dos tanques se deu em uma região onde centenas de milhares de pessoas estão abrigadas.
No sábado, o Serviço de Emergência Civil em Gaza, controlado pelo Hamas, afirmou que Israel havia negado 73 pedidos enviados por meio de organizações internacionais para resgatar palestinos feridos na Cidade de Gaza.
Autoridades israelenses não comentaram de imediato na ocasião. O Exército havia informado, também no sábado, que estava expandindo as operações na cidade e que cinco terroristas que disparavam um míssil antitanque foram mortos pela força aérea.
Nas últimas 24 horas, a força aérea de Israel atacou 140 alvos militares em toda a Faixa de Gaza, incluindo combatentes e o que chamou de infraestrutura militar, segundo o Exército.
Pelo menos cinco pessoas morreram em um ataque aéreo em Al-Naser, em Gaza, informaram autoridades de saúde locais. Médicos relataram outras 16 mortes em ataques contra casas no centro da Faixa de Gaza, elevando o total de mortos no domingo para pelo menos 21.
Mais tarde, o Ministério da Saúde de Gaza afirmou em comunicado que pelo menos 77 pessoas foram mortas pelo fogo israelense nas últimas 24 horas.
O Hamas também afirmou neste domingo que não recebeu nova proposta de mediadores internacionais, depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter dito na sexta-feira que “um acordo sobre Gaza” parecia provável.
Na ocasião, Trump ainda afirmou que as conversas sobre Gaza com países do Oriente Médio estavam intensas e que tanto Israel quanto os militantes do Hamas tinham conhecimento das negociações.
Neste domingo, Trump disse em post na Truth Social que há chance de um acordo. “Todos estão engajados em algo especial, pela primeira vez. Nós vamos conseguir”, afirmou sem dar detalhes.
O presidente deve se reunir com o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, na Casa Branca, nesta segunda-feira (29), com o objetivo de chegar a um esboço de acordo, segundo autoridades do governo.
Separadamente, um porta-voz da Embaixada dos EUA em Israel disse que o embaixador Mike Huckabee viajará ao Egito para encontros com autoridades daquela país como parte das consultas diplomáticas regulares realizadas entre embaixadas dos EUA na região. O Egito está entre os países que atuam como mediadores entre Israel e o Hamas.
O ataque de 7 de outubro de 2023 resultou na morte de 1.219 pessoas do lado israelense, a maioria civis, segundo uma contagem da agência de notícias AFP baseada em dados oficiais.
A ofensiva israelense de retaliação na Faixa de Gaza causou 66.025 mortes, a maioria também de civis, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.