SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse em coletiva sobre casos de intoxicação por metanol que as falsificações de bebidas abrangem marcas famosas, e afirmou, em tom de brincadeira, que vai ficar preocupado quando elas atingirem a Coca-Cola.
“Não vou me aventurar aqui nessa área [de bebidas alcoólicas], que não é minha praia, está certo? No dia em que começarem a falsificar a Coca-Cola, eu vou me preocupar”, disse, acrescentando que consome a normal e não a zero.
A declaração foi dada no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, ao lado do secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite. O governador destacou que os principais fabricantes de bebidas do país demonstraram disposição para colaborar nas ações de combate à falsificação e à contaminação de bebidas alcoólicas.
O governador também afirmou que é preciso restabelecer a confiança da população, já que há uma “crise de confiança” e medo em relação ao consumo de bebidas. Ele classificou a falsificação como um problema estrutural e antigo, que persiste há décadas sem a devida atenção do Estado.
Para enfrentar a situação, o governo anunciou a criação de uma rede de cooperação que inclui educação de comerciantes, aumento da fiscalização e fortalecimento das ações estatais. Como parte desse esforço, será assinado um termo de convênio que prevê a criação de um programa de combate à falsificação, treinamentos, elaboração de propostas legislativas e a destruição imediata das bebidas irregulares apreendidas.
A iniciativa também pretende melhorar a comunicação com o cidadão e promover reuniões com fabricantes, bares e restaurantes para restabelecer a confiança no setor.
A Polícia Técnico-Científica de São Paulo confirmou a presença de metanol em bebidas de duas distribuidoras do estado, que estão entre os 11 locais interditados pelo governo. A principal linha de investigação aponta que o metanol foi utilizado na produção de bebidas falsas em locais clandestinos, possivelmente a partir de etanol de baixa qualidade já contaminado.
O estado de São Paulo é o epicentro dos casos, com 15 confirmados de intoxicação por metanol após o consumo de bebidas alcoólicas adulteradas, com óbitos de dois homens de 54 e 46 anos, residentes da capital e de uma mulher de 30 anos em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Há ainda 164 casos em investigação, incluindo seis mortes suspeitas. O Ministério da Saúde afirma que há 17 casos confirmados e 200 em investigação no país.
No sábado (4), o ministro da saúde, Alexandre Padilha, informou em coletiva de imprensa que o SUS tem estoque suficiente de etanol farmacêutico, usado no tratamento, além da importação de 2.500 frascos de fomepizol -outro antídoto contra o metanol.
Bruna Araújo, de 31 anos, teve morte cerebral confirmada na sexta e faleceu nesta segunda. Ela é a primeira vítima confirmada da contaminação por metanol na cidade, que já registra 78 suspeitas e seis mortes notificadas
Notícias ao Minuto | 07:20 – 07/10/2025