O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, entrou novamente com processo de difamação contra o jornal americano The New York Times e vários de seus repórteres nesta quinta-feira (16), acusando mais uma vez a organização de tentar minar sua candidatura em 2024 e prejudicar sua reputação como empresário.
Em setembro, o juiz federal Steven Merryday, da Flórida, rejeitou a queixa original de 85 páginas do presidente dizendo que a peça era desnecessariamente prolixa, repleta de prosa “entediante e irritante” que demorava para apresentar as acusações formais de difamação.
“Uma queixa não é um fórum público para injúrias e insultos”, escreveu Merryday na época. Nos EUA, a depender do motivo da rejeição de uma ação por um juiz, ela pode ser reapresentada se cumpridas as condições impostas pelo tribunal. Merryday deu aos advogados do presidente 28 dias para reapresentar uma queixa que não excedesse 40 páginas, requisitos respeitados pela defesa de Trump na petição revisada.
Um dos réus no processo original, o repórter Michael S. Schmidt, não é mais citado como tal. Muitas das longas homenagens a Trump na petição original, incluindo uma frase que descrevia sua vitória nas eleições de 2024 como “a maior conquista pessoal e política da história americana”, não estão mais presentes.
Assim como na ação original, a queixa revisada pede US$ 15 bilhões (R$ 81,5 bilhões) em indenização.
O processo movido por Trump contra o New York Times é o mais recente de uma série de ações contra grandes veículos de comunicação. Tanto a CBS News quanto a ABC News concordaram em pagar US$ 16 milhões (R$ 86,9 milhões) cada uma para encerrar os processos movidos por Trump contra as emissoras. O apresentador do programa noturno da ABC, Jimmy Kimmel, foi temporariamente retirado do ar no mês passado depois que o principal regulador de comunicações de Trump atacou seu programa e sugeriu que poderia tomar medidas regulatórias contra a emissora.
O processo contra o jornal de Nova York afirma que dois artigos publicados no New York Times buscavam minar a reputação do republicano como empresário bem-sucedido e estrela do reality show “O Aprendiz”. Um dos artigos foi escrito por Susanne Craig e Russ Buettner, e o outro, por Peter Baker.
Como na versão original da queixa, a nova ação também nomeia como réu a Penguin Random House, que publicou um livro sobre Trump escrito por Craig e Buettner.
“Como dissemos quando a ação foi inicialmente movida e de novo após a decisão do juiz de indeferi-la: esta ação judicial não tem mérito. Nada mudou hoje. Trata-se apenas de uma tentativa de sufocar o jornalismo independente e gerar atenção da mídia, mas o New York Times não se deixará intimidar por táticas de intimidação” disse um porta-voz do jornal na noite de quinta-feira.
Um porta-voz da Penguin Random House não respondeu a um pedido de comentário. A editora já havia se referido às acusações de Trump como “sem mérito”.
“O presidente Trump continua responsabilizando a Fake News [em referência à imprensa] através deste poderoso processo contra o New York Times, seus repórteres e a Penguin Random House” disse um porta-voz da equipe jurídica de Trump, em comunicado.
O juiz Merryday foi nomeado pelo presidente George H. W. Bush. Ele havia afirmado que o processo original de Trump contrariava os requisitos legais de que uma queixa seja “uma declaração curta e clara da reivindicação.”
Trump também processou o jornal em 2021, em ação que tratava de um artigo que examinava a história financeira do presidente. Esse processo foi rejeitado, e Trump foi instruído a pagar as despesas legais do New York Times. A campanha de reeleição de Trump também processou o jornal por difamação em 2020 sobre um artigo de opinião; esse processo também foi rejeitado.