O ex-chanceler Celso Amorim, assessor especial de Lula (PT) para assuntos internacionais, disse nesta sexta-feira (24) que uma “intervenção externa” na Venezuela poderia incendiar a América do Sul, em referência à ofensiva militar de Donald Trump na região.
“Não podemos aceitar uma intervenção externa porque isso vai criar um ressentimento imenso”, disse Amorim à agência de notícias AFP. “Pode incendiar a América do Sul e levar à radicalização da política em todo o continente”, acrescentou, citando, por exemplo, a questão dos refugiados.
Amorim também disse que Lula “não vai dar lições” a Trump durante o possível encontro entre os dois líderes neste domingo (26), na Malásia, e que espera que “o contrário também não aconteça”. “É preciso haver um diálogo para buscar pontos de convergência”, seguiu o ex-chanceler.
Mais cedo nesta sexta, Lula criticou os ataques dos EUA durante sua viagem à Indonésia. “Você não pode simplesmente dizer que vai invadir e combater o narcotráfico na terra dos outros, sem levar em conta a Constituição dos outros países”, disse Lula a jornalistas, acrescentando que terá “imenso prazer” em discutir o assunto com seu homólogo americano.
“Antes de punir alguém, eu tenho julgar essa pessoa. Eu tenho que ter provas”, afirmou Lula a jornalistas na capital Jacarta.
As declarações ocorrem no mesmo dia em que os Estados Unidos anunciaram um novo ataque a uma embarcação no Caribe, matando seis pessoas. Com a nova ofensiva, já são 43 mortos em dez bombardeios contra supostas embarcações com drogas em águas internacionais.
O chefe do Pentágono, Pete Hegseth, publicou um vídeo do momento em que a embarcação é atacada nas redes sociais. Segundo ele, seis “narcoterroristas” estavam a bordo do barco, e nenhum sobreviveu ao ataque.
“A embarcação, segundo nosso serviço de inteligência, estava envolvida no contrabando ilícito de narcóticos, transitava por uma rota conhecida de narcotráfico e transportava entorpecentes”, escreveu o secretário de Defesa.
Os EUA também afirmaram mais cedo nesta sexta-feira (24) que vão se unir a Trinidad e Tobago para exercícios militares conjuntos perto da costa da Venezuela.
Lula desembarcou na quarta-feira (22) em Jacarta. Depois, seguirá para Kuala Lumpur, na Malásia, onde participará da cúpula da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático, em português).




