O triângulo que concentra o poder no governo Milei – 12/11/2025 – Mundo

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Durante meses, Santiago Caputo —que ostenta um cargo meio cifrado de “assessor especial do presidente”— e Karina Milei, secretária da Presidência, foram tratados como presenças discretas nos bastidores do governo argentino.

Ele é o estrategista responsável pela política de redes e do caminho da campanha que levou Javier Milei à presidência em 2023. Ela, irmã leal, que passou de praticamente uma babá de Javier —abusado pelo pai na infância— à responsável por gerir o aparelho partidário e manejar cargos estatais.

Nenhum dos dois tinha visibilidade pública e experiência política proporcional ao poder que acumularam rapidamente.

O resultado das eleições de meio de mandato fez desse núcleo o coração do poder do governo Milei —para o bem e para o mal… E será com ele que o presidente jogará até o fim do mandato.

De Caputo, acaba de sair essa interessante investigação no livro “El Monje”, de Maia Jastreblansky, sobre suas raízes. Sobre Karina, recomendo essa outra obra, “Las Fuerzas del Cielo”, do jornalista Juan Luis González, que já resenhamos na Folha.

Hoje, os dois são os principais timoneiros da Argentina. É importante saber mais sobre eles.

Karina ocupa o cargo de secretária-geral da Presidência, mas seu papel vai além da burocracia: ela controla nomeações, avalia metas de gestão e filtra o acesso ao presidente. Mais de 60% das nomeações de primeiro e segundo escalão no último ano passaram pela sua assinatura.

Caputo virou o cérebro da comunicação governamental e da estratégia digital. Sob seu comando está um orçamento estimado em 25 bilhões de pesos (pouco mais de R$ 90 milhões), segundo a consultoria Politikon+. Ele também preside o conselho que articula inteligência política, redes sociais e coordenação comunicacional com a Casa Rosada.

O resultado: Milei é o chefe, mas ninguém ignora quem realmente decide. Ele assina decretos, vai a encontros internacionais, apresenta-se como roqueiro, mas o motor gira por trás. Karina administra os ministérios e define prioridades. Caputo desenha a narrativa, escolhe os ministros e lhes diz como devem bailar.

Esse formato consolida o poder num triângulo, composto por um presidente e suas performances midiáticas, uma irmã-gestora e o estrategista-ideólogo. Essa é a fórmula escolhida para tentar driblar os graves problemas econômicos e a tensão social nos dois anos que restam de governo.

A fragilidade desse arranjo está na ausência de legitimidade além do palanque. Quando os dados mostram que a inflação chegará a 22% ao final de 2025 (claro, muito menos do que no governo anterior, mas, trata-se uma cifra altíssima) e que os investimentos estrangeiros praticamente não vieram, esse poder começa a exibir suas fissuras.

As redes de Caputo não bastam. Karina tem pouca empatia popular e não ajudara numa campanha eleitoral de rua. Porém, por ora, não há uma oposição coesa, e Milei ganhou um bom fôlego no pleito de meio de mandato, com a ajudinha de Donald Trump. Tudo, porém, parece frágil por ora. A ver.


Mirada


Um dos clássicos da literatura e do cinema latino-americano reaparece nas telonas. Trata-se da nova versão de “O Beijo da Mulher Aranha”, que acompanha o lançamento da versão reeditada por Manuel Puig, que estará nas prateleiras nas próximas semanas.


Latinas

Mais Manuel Puig

Há muitas obras dele editadas no Brasil, mas faltam títulos essenciais. São dois tomos do autor de “The Buenos Aires Affair” no exílio, chamado de “Puig Querida Familia” uma coleção em dois volumes de cartas escritas pelo autor argentino à sua família, nas quais ele narra suas experiências na Europa e nas Américas. Esse conjunto epistolar, que inclui “Cartas europeas” (1956–1962) e “Cartas americanas” (1963–1983), revela o processo criativo de Puig, suas reflexões sobre cinema, cultura e vida, e o seu amadurecimento como escritor.

“Gabo y Mercedes: una despedida” (Rodrigo García, Record, 2022)

Até 2027, ano em que se comemora o centenário de Gabriel García Márquez, estaremos celebrando o colombiano aqui na newsletter. Hoje, destaco “Gabo y Mercedes: una despedida/A Farewell to Gabo and Mercedes”, escrito por seu filho, Rodrigo. Tem início quando Mercedes, mãe do autor e esposa de Gabo, detecta uma gripe forte do escritor em 2014 e sentencia: “desta não saímos”. O livro é sublime.

“Independências na América Latina” (Valdir Santos, Contexto, 2025)

O autor propõe uma leitura inovadora dos processos de emancipação do continente. Em vez de se limitar à dicotomia “colônia x metrópole” ou à narrativa de grandes heróis, o autor analisa as complexas articulações sociais, econômicas e políticas que moldaram a formação das novas nações. A obra insere as independências no contexto mais amplo e destaca a diversidade de experiências e projetos políticos que coexistiram no período. Ao fazê-lo, convida à reflexão sobre a identidade latino-americana e sobre como os movimentos de independência ajudaram a definir o lugar da região no cenário global. O livro sai pela Contexto e logo haverá programação de lançamento.



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