Alunos da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) protestaram, em um evento da instituição, contra a presença de André Lajst, presidente da ONG Stand With Us.
A conversa tinha sido marcada para a semana anterior, mas foi adiada depois de a organização afirmar que havia “risco de agressão” ao convidado. O evento “Conversas sobre o mundo” tinha como objetivo discutir questões relacionadas à guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, na Faixa de Gaza.
Durante o evento, ocorrido na segunda-feira (17), manifestantes entraram no auditório com bandeiras da Palestina e do Líbano, e gritaram contra as falas de Lajst. Alunos o tacharam de genocida e afirmaram que ele não era bem-vindo na faculdade.
O Centro Acadêmico 11 de Agosto, que representa os alunos da instituição, já havia publicado uma nota de repúdio contra a realização do evento, antes da primeira data em que ele ocorreria.
“A presença de um representante de uma organização que atua na defesa e na normaização do regime de apartheid e das práticas genocidas do Estado de Israel contra o povo palestino é uma afronta à tradição humanista, democrática e libertária”, dizia o texto.
Lajst afirmou, em uma publicação feita nesta quarta (19), que “tentaram transformar a palestra em caos” e classificou o episódio de “tentativa de censura”. A ONG Stand With Us, que historicamente é apoiadora de Tel Aviv durante o conflito em Gaza, afirmou em nota que manifestantes tentaram impedir a palestra.
Um vídeo publicado nas redes mostra pessoas gritando enquanto os participantes da mesa tentam conter a manifestação pelo microfone. As imagens não mostram embates físicos entre os presentes.
O Centro Acadêmico não respondeu a um pedido de comentário da reportagem. Em nota ao portal Opera Mundi, o coletivo afirmou que Lajst criticou os estudantes pró-Palestina ao acusá-los de “interromper o Estado Democrático de Direito”. “Ao invés de responder às críticas políticas feitas por estudantes, ele tentou enquadrar a manifestação —um direito constitucional— como ameaça à democracia. É exatamente o contrário: contestar discursos opressores é exercício democrático, não sua negação”, afirma a nota.
Na publicação desta quarta, o presidente da ONG afirmou que acredita “no diálogo, mesmo quando alguns fazem de tudo para impedir que ele exista”.




