O papa Leão 14 rezou pela paz no Líbano e na região nesta segunda-feira (1º) ao iniciar o segundo dia de sua viagem ao país com uma visita a um famoso local de peregrinação.
Milhares de pessoas aplaudiram e jogaram arroz enquanto o papa percorria no papamóvel uma estrada sinuosa até um mosteiro em Annaya, nas montanhas ao norte de Beirute, que abriga o túmulo de São Charbel.
Leão chegou da Turquia no domingo (30) em sua visita inaugural ao exterior como pontífice e trouxe uma mensagem de esperança, particularmente para os jovens do Líbano, cuja fé em seu país em crise diminuiu.
“Para o mundo, pedimos paz. Nós a imploramos especialmente para o Líbano e para todo o Levante”, disse ele dentro do mosteiro de pedra iluminado por velas.
São Charbel é um eremita maronita que foi canonizado em 1977 e que tem grande popularidade além da comunidade cristã.
Representações do santo de barba branca podem ser encontradas em casas, veículos e locais de trabalho em todo o país.
A música ressoava e os sinos tocavam no local onde milhares se reuniram em meio a rigorosas medidas de segurança.
“São Charbel é como um pai para mim, e é o maior santo na minha vida”, disse a esteticista Jihane Daccache, em frente ao mosteiro.
“A visita do papa hoje é histórica, a uma terra que sempre anseia por paz. Ele traz uma mensagem de esperança e fé para mim e para todos os libaneses” apesar de todas as dificuldades, disse ela à AFP.
Milhares de pessoas desafiaram a chuva e alinharam-se nas ruas ao norte de Beirute desde cedo para dar ao papa uma calorosa recepção enquanto sua comitiva passava, com alguns acenando bandeiras libanesas ou do Vaticano.
“Todo mundo vai a Roma para ver o papa, mas ele veio até nós”, disse a dona de casa Therese Daraouni, 61. “Esta é a maior bênção, e a maior graça e esperança para o Líbano. Espero que as pessoas se unam pelo bem do Líbano e seu povo”.
O Líbano sofre com um colapso econômico de seis anos amplamente atribuído à corrupção oficial e má gestão, e muitos também temem uma nova guerra entre Israel e o Hezbollah, apesar de um cessar-fogo em novembro de 2024 que buscou encerrar mais de um ano de hostilidades.
Israel intensificou os ataques ao Líbano nas últimas semanas, apesar da trégua, enquanto o governo libanês, com dificuldades financeiras, está sob forte pressão dos EUA para desarmar os militantes apoiados pelo Irã.
“Estamos muito felizes com a visita do papa. Sua viagem trouxe de volta o sorriso aos nossos rostos”, disse Yasmine Chidiac, esperando avistar o religioso. “Sempre temos esperança e fé na paz, e esperamos que o Líbano continue sendo um farol e um ponto de encontro para o mundo”.
Leão 14 deve se dirigir a bispos e clérigos em um santuário em Harissa, também ao norte de Beirute, onde uma estátua gigante de Nossa Senhora do Líbano contempla o ar Mediterrâneo do alto de uma colina íngreme.
O papa também realizará um evento inter-religioso na Praça dos Mártires, no centro de Beirute, com figuras das 18 denominações religiosas oficialmente reconhecidas no Líbano.
Ele então se encontrará com jovens no patriarcado da igreja Maronita do Líbano em Bkerke, nos arredores da capital.
As autoridades proclamaram segunda e terça-feira como feriados oficiais, e intensificaram as medidas de segurança, incluindo fechamento de estradas e proibição de todas as fotografias com drones.
Leão pediu aos líderes do Líbano que se coloquem “com compromisso e dedicação a serviço” do povo e instou à reconciliação em um país cujas divisões da guerra civil de 1975-1990 nunca foram completamente curadas.
“A paz é saber viver juntos, em comunhão, como pessoas reconciliadas”, disse, também observando o “êxodo de jovens e famílias que buscam um futuro em outro lugar”.
Na Turquia, o papa adotou uma abordagem cautelosa, equilibrando sensibilidades políticas enquanto também incentivava a unidade e o respeito pela diversidade religiosa.
