Vítima escalou parede de seis metros, pulou grade de segurança e se pendurou em árvore para acessar área, diz prefeitura; local foi fechado para visitações e felino está bem, de acordo com veterinário
Folhapress | 19:45 – 30/11/2025

A morte de Gerson de Melo Machado, 19 anos, após invadir o recinto da leoa Leona no Parque Zoobotânico Arruda Câmara, em João Pessoa, ganhou novas dimensões depois de um forte desabafo publicado nas redes sociais pela conselheira tutelar Verônica Oliveira. Nas palavras dela, a tragédia “foi construída ao longo de anos de negligência”. Segundo Verônica, que acompanhou o caso de Gerson por quase uma década, “todo o poder público falhou com ele e com a família”.
No vídeo que circula pelas redes sociais, a conselheira afirma que Gerson foi afastado da mãe ainda na infância. A mulher, segundo Verônica, tinha esquizofrenia, a mesma condição diagnosticada na avó materna. A conselheira contou que conheceu o menino aos 10 anos, quando ele chegou ao Conselho Tutelar após fugir sozinho de um abrigo e caminhar pela beira de uma estrada. Enquanto os quatro irmãos foram adotados, Gerson não encontrou uma família. “Começou ali uma saga para ele ser acolhido. Ele foi rejeitado repetidamente”, disse Verônica.
A conselheira relatou que ele só recebeu diagnóstico formal de deficiência intelectual, transtorno de conduta e esquizofrenia em 2023. O laudo, segundo ela, recomendava “tratamento multidisciplinar em regime integral”, algo que nunca chegou. Verônica também recordou o sonho fixo do jovem: ser domador de leões e viajar para a África. “Ele chegou a ser encontrado no trem de pouso de um avião, achando que ia para a África”, disse.
No dia do ataque, Verônica acredita que Gerson estava em surto. Segundo ela, ele “não tinha noção do risco”. A prefeitura de João Pessoa informou que o jovem escalou uma parede de mais de seis metros, passou pelas grades de segurança e alcançou o recinto usando uma árvore como apoio. Visitantes registraram a cena em vídeo. Nas imagens, Gerson aparece descendo pela árvore até ser alcançado pela leoa, que o atacou rapidamente. Ele morreu no local por choque hemorrágico causado por ferimentos no pescoço.
A prefeitura classificou o episódio como um ato “imprevisível”. A Polícia Civil investiga a possibilidade de suicídio. O parque foi fechado temporariamente após o ataque.
Depois da invasão, Leona ficou estressada, mas foi retirada sem o uso de tranquilizantes. A equipe técnica afirma que o animal apenas reagiu de forma instintiva. A direção do parque garantiu que “não existe hipótese de sacrifício”, e que a leoa segue monitorada.
Para Verônica, porém, o episódio deve ser visto como resultado de um abandono prolongado. Em seu desabafo, ela afirma que Gerson “nunca teve o acompanhamento de saúde mental que precisava” e que a morte dele “não começou na jaula, começou anos atrás, quando ele foi sendo deixado de lado, uma vez após a outra”.

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