Renê da Silva Nogueira Júnior, réu por matar o gari Laudemir de Souza Fernandes em BH diz que andava armado por ameaças, enquanto Justiça ouve novas testemunhas no Tribunal do Júri
Folhapress | 08:30 – 27/11/2025

RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – O empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, réu pelo homicídio do gari Laudemir de Souza Fernandes, afirmou que “uma bala perdida pegou na vítima” em entrevista divulgada na noite deste domingo (30). Ele é acusado pelo MP (Ministério Público) de ter atirado e matado Laudemir no dia 11 de agosto deste ano, em Belo Horizonte, após uma discussão de trânsito.
Renê concedeu entrevista pela primeira vez à imprensa. Ela foi exibida pelo Domingo Espetacular, da RecordTV. A gravação ocorreu no Presídio de Caeté, na Grande BH, onde o réu está preso.
Preso classificou a morte de Laudemir como um incidente . “O incidente pode ter acontecido. Até onde eu posso dizer, por causa do processo e orientação dos advogados, posso admitir que aconteceu um incidente”, afirmou.
Ele disse que uma bala perdida pode ter atingido o gari. Renê admitiu que estava armado, que passou pelo local do crime, mas disse que não usou a arma e que não matou Laudemir. “Jamais faria isso “, afirmou.
“Provavelmente foi um acidente com a vítima. O que provavelmente aconteceu foi um acidente com a vítima: uma bala perdida pegou na vítima”, disse Renê da Silva Nogueira Júnior.
Renê também negou que estivesse irritado na discussão de trânsito que antecedeu a morte de Laudemir. “Se batesse o carro, era só uma porta, não a vida de uma pessoa.”
Preso diz que deixou local do crime, pois não era culpado. “Fui trabalhar normal no dia, fiz o que fiz com os cachorros e fui para a academia como sempre fazia no almoço. Eu não poderia mudar na minha rotina por algo que eu não fiz. Eu não sou esse cara que falam: matou e foi pra academia”, afirmou.
Colega que testemunhou a morte de Laudemir acusa Renê. “Com certeza foi ele, não tenho qualquer dúvida. Nenhuma, nenhuma”, disse a testemunha à RecordTV. “Nem parou. Atirou e foi embora”, complementou.
Renê, no entanto, afirma que os garis estão em conluio para conseguir dinheiro. “No primeiro mês, a família me pediu R$ 8 milhões”, disse.
Questionada se Renê atirou na vítima, a defesa do réu diz que “não tem como atestar isso”. Indagado se deveria pedir desculpas aos familiares da vítima, o réu afirmou: “Não posso pedir desculpas, porque não atirei. Antes, era só acusação, agora tem defesa.”
Renê já havia confessado à polícia que matou Laudemir após discussão de trânsito. A confissão ocorreu em interrogatório no dia 18 de agosto, segundo a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa. Na ocasião, ele afirmou que usou a arma da esposa, a delegada Ana Paula Lamego Balbino, para cometer o crime.
Réu, no entanto, mudou de versão ao ser ouvido pela Justiça mineira na semana passada. Ele disse que confessou o crime por ter sido ameaçado por policiais, que teriam dito que poderiam prejudicar sua esposa, caso não fizesse o que eles queriam. Ana Paula não visitou o marido na prisão. “Nem sei se estou casado ainda”, disse Renê à RecordTV.
Gari estava em horário de trabalho quando o empresário passou pela rua onde ele e outros garis faziam a coleta do lixo. O empresário discutiu com a motorista do caminhão de lixo, e Laudemir e outros garis saíram em defesa da colega. O empresário pegou a arma e disparou contra a vítima na região torácica.
Coletor foi socorrido e encaminhado ao Hospital Santa Rita, em Contagem, mas não resistiu. Enquanto isso, Renê fugiu do local. Ele foi preso horas depois em uma academia de alto padrão, no bairro Estoril, após ser identificado pela Polícia Civil como o autor do disparo que matou o gari.
POSSÍVEL RESPONSABILIZAÇÃO
Renê será julgado por quatro crimes. Expectativa da Promotoria é que a decisão definitiva saia em menos de um ano. A denúncia do Ministério Público de Minas Gerais o acusa de homicídio triplamente qualificado; ameaça; fraude processual e porte ilegal de arma de fogo.
As qualificadoras do homicídio são:
motivo fútil; meio que impossibilitou a defesa da vítima e perigo comum por ter atirado em via pública, residencial e em horário de intenso movimento.
Justiça decidiu desmembrar o processo em relação à mulher do empresário. Inicialmente, a policial havia sido indiciada por porte ilegal de arma de fogo, na modalidade “ceder/emprestar” e por prevaricação.
Promotoria diz que Renê tentou enganar a polícia. Ele teria dito para a esposa entregar uma arma diferente da que foi usada no crime. Ela não atendeu ao pedido. Antes de matar Laudemir, Renê também teria ameaçado a motorista do caminhão do lixo.
Defesa da família de Laudemir diz que não vai medir esforços para que haja responsabilização. O advogado Tiago Lenoir disse ao UOL que também vai requisitar a reparação dos danos causados aos familiares da vítima.

Renê da Silva Nogueira Júnior, réu por matar o gari Laudemir de Souza Fernandes em BH diz que andava armado por ameaças, enquanto Justiça ouve novas testemunhas no Tribunal do Júri
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