O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta (3) que concederá um “perdão total e incondicional” ao deputado democrata Henry Cuellar, do Texas, e à sua esposa, Imelda, que foram acusados de suborno.
No ano passado, Cuellar e sua esposa foram indiciados por supostamente aceitarem cerca de US$ 600 mil (R$ 3,1 milhões) em subornos em dois esquemas que visavam beneficiar uma empresa estatal de energia do Azerbaijão e um banco não identificado com sede no México. Ambos alegam inocência.
Com o perdão do presidente republicano resolvendo seus problemas legais, Cuellar busca seu 12º mandato de dois anos, com o apoio da cúpula do Partido Democrata. Ao agradecer a Trump nas redes sociais, ele disse: “Este perdão nos dá um novo começo. O barulho acabou. O trabalho continua. E pretendo enfrentá-lo de frente.”
Trump, falando a repórteres na Casa Branca, relacionou a acusação de Cuellar às suas políticas de imigração, dizendo: “Ele foi tratado muito mal porque disse que as pessoas não deveriam ter permissão para entrar em massa em nosso país. E ele estava certo. Ele não gostava de fronteiras abertas.”
Cuellar tem a reputação de ser o democrata mais conservador da Câmara. Ele se opôs à decisão do ex-presidente Joe Biden de revogar uma disposição que permitia aos agentes da fronteira dos EUA impedir a entrada de migrantes para evitar a propagação do coronavírus. Trump havia implementado essa medida quando o vírus começou a se espalhar durante seu primeiro mandato.
O deputado também pressionou por mais juízes de imigração para analisar casos de asilo e, em 2021, juntou-se a outros parlamentares para instar Biden a aprimorar o processo de concessão de asilo nos EUA. Em 2023, ele apoiou uma regra do governo Biden que restringia o asilo.
Cuellar, cujo distrito depende fortemente do comércio bilateral com o México, expressou preocupação com o muro de Trump na fronteira. “Muros na fronteira são uma solução do século 14 para problemas do século 21”, disse ele em 4 de novembro.
Ele votou contra a proposta da Câmara dos Representantes de impeachment do ex-secretário de Segurança Interna Alejandro Mayorkas e se opôs à inclusão de uma pergunta sobre cidadania nos dados do censo americano.
Uma pessoa com conhecimento direto do indulto afirmou que, antes da decisão, Cuellar contratou um advogado que havia ocupado cargos de liderança no Departamento de Justiça durante o primeiro mandato de Trump. A fonte disse que o ex-funcionário tentou fazer com que o órgão arquivasse o caso, afirmando que se tratava de um exemplo de instrumentalização indevida.
O líder democrata na Câmara, Hakeem Jeffries, não querendo correr o risco de que Cuellar pudesse ser persuadido a mudar de partido e se candidatar como republicano, elogiou o texano, chamando-o de membro “amado da Câmara” e membro “altamente valorizado” da bancada democrata, em entrevista à CNN. Jeffries também disse que considerava a acusação contra Cuellar “muito frágil desde o início”.
Cuellar, eleito pela primeira vez para a Câmara em 2004, recentemente se defendeu de desafios nas primárias de candidatos mais progressistas do partido.
O comitê de campanha do Partido Democrata para o Congresso incluiu Cuellar em sua lista de democratas que estão sendo defendidos para a reeleição com recursos adicionais, pois podem enfrentar desafios difíceis nas eleições de meio de mandato de 2026.
O Departamento de Justiça de Trump desmantelou em grande parte sua Seção de Integridade Pública, criada após o escândalo de Watergate para investigar e processar os casos politicamente mais sensíveis do país.
Com o desmantelamento da repartição, Trump concedeu indultos ou comutou penas para muitos dos réus em casos que ainda estavam pendentes em 2025, incluindo Glen Casada, ex-presidente da Câmara do Tennessee, o ex-legislador estadual do Tennessee Brian Kelsey, um ex-xerife da Virgínia e uma vereadora de Las Vegas.
Ele também comutou a pena de prisão do ex-deputado republicano George Santos. Todas essas acusações, assim como a de Cuellar, eram mantidas pela Seção de Integridade Pública.
