Um novo ataque dos Estados Unidos contra uma lancha no oceano Pacífico matou mais quatro pessoas nesta quinta-feira (4), segundo autoridades norte-americanas, fazendo o número de mortos ao longo da ofensiva na região subir para 87.
“Os serviços de inteligência confirmaram que a lancha transportava narcóticos ilícitos e transitava por uma rota conhecida de narcotráfico no Pacífico oriental”, afirmou o Comando Sul dos EUA em uma publicação no X. “Quatro narcoterroristas do sexo masculino a bordo do barco morreram.”
A publicação inclui o vídeo de uma lancha cruzando o mar em alta velocidade antes de ser atingida por uma explosão que deixa a embarcação em chamas. Assim como nos outros 21 ataques, Washington não apresentou provas de suas acusações.
A agressão ocorre no momento em que o secretário de Defesa, Pete Hegseth, e o presidente Donald Trump são criticados por um ataque do dia 2 de setembro, quando a ofensiva começou. Naquele dia, os EUA causaram duas explosões na lancha —a segunda, para matar dois sobreviventes.
O governo omitiu esse fato na ocasião, posteriormente revelado pela imprensa americana. Segundo reportagem do jornal The Washington Post, Hegseth havia pedido para “matar todos” a bordo, o que o chefe do Pentágono nega.
Também nesta quinta, militares de alto escalão mostraram a membros do Congresso americano o vídeo do segundo ataque. Não está claro se as imagens se tornarão públicas, embora Trump tenha dito que não via problema na divulgação. O conteúdo chocou democratas.
“Você tem dois indivíduos em claro perigo, sem qualquer meio de locomoção, com uma embarcação destruída, que foram mortos pelos EUA”, disse o deputado Jim Himes, de Connecticut, o principal democrata no Comitê de Inteligência da Câmara, a jornalistas.
O direito internacional não permite ataques contra pessoas que não ofereçam perigo iminente, a não ser que se tratem de combatentes inimigos em um contexto de conflito armado —o que não é o caso no Caribe. Mesmo que os EUA estivessem em guerra com os traficantes, aliás, a segunda ordem seria um crime de guerra, uma vez que soldados feridos, fora de combate ou que se rendam têm direito a proteção.
Os relatos de que houve dois bombardeios aumentaram a pressão sobre Hegseth, que já foi criticado este ano após uma investigação do Pentágono tê-lo responsabilizado por usar o aplicativo de mensagens Signal em seu dispositivo pessoal para enviar informações sensíveis sobre ataques planejados no Iêmen, que vazaram na imprensa.
Sob Trump, os EUA realizam a maior mobilização militar na América Latina em décadas. Membros linha-duro do governo Trump, como o secretário de Estado, Marco Rubio, defendem nos bastidores uma intervenção militar com o objetivo de derrubar do poder o ditador Nicolás Maduro.
Os EUA já deslocaram imenso poder de fogo para as águas ao redor da Venezuela, incluindo o porta-aviões USS Gerald Ford, maior navio de guerra do mundo.




