O presidente dos EUA, Donald Trump, nomeou no domingo (21) o governador da Louisiana, Jeff Landry, como enviado especial para a Groenlândia, gerando nova crise com a Dinamarca.
Trump disse várias vezes ao longo dos anos que a Groenlândia, um território dinamarquês que agora é amplamente autônomo, deveria se tornar parte dos EUA, citando razões de segurança e interesse nos recursos minerais da ilha ártica. Landry, também do Partido Republicano, elogiou a ideia.
O ministro das Relações Exteriores da Dinamarca, Lars Lokke Rasmussen, disse nesta segunda-feira (22) que convocaria o embaixador dos EUA em Copenhague, afirmando que ficou particularmente preocupado com o apoio de Landry ao objetivo de Trump de tornar a Groenlândia parte dos Estados Unidos. O primeiro-ministro da Groenlândia, Jens-Frederik Nielsen, reiterou que a ilha decidirá seu próprio futuro.
“Jeff [Landry] entende como a Groenlândia é essencial para nossa segurança nacional, e promoverá fortemente os interesses do nosso país para a segurança, proteção e sobrevivência dos nossos aliados e, de fato, do mundo”, escreveu Trump em uma postagem em sua rede, a Truth Social.
A Casa Branca não comentou.
Landry, que assumiu o cargo de governador da Louisiana em janeiro de 2024, agradeceu a Trump no X, dizendo: “É uma honra servir… nesta posição voluntária para tornar a Groenlândia parte dos EUA. Isso não afeta de forma alguma minha posição como governador da Louisiana!”
A Groenlândia e a Dinamarca vêm rechaçando essa ideia. “Estou profundamente indignado com esta nomeação de um enviado especial. E estou particularmente preocupado com suas declarações, que consideramos completamente inaceitáveis”, disse o chanceler dinamarquês a uma emissora local.
Anteriormente, em uma declaração por email à agência de notícias Reuters, Rasmussen afirmou que “todos, incluindo os EUA, devem mostrar respeito pela integridade territorial do Reino da Dinamarca”.
O primeiro-ministro da Groenlândia disse em uma postagem no Facebook: “Acordamos novamente com um anúncio do presidente dos EUA. Isso pode parecer grande, mas não muda nada para nós. Nós decidimos nosso próprio futuro.”
Aaja Chemnitz, membro groenlandês do Parlamento dinamarquês, disse que a nomeação de um enviado dos EUA não era em si um problema. “O problema é que ele recebeu a tarefa de tornar a Groenlândia parte dos Estados Unidos, e não há desejo disso na Groenlândia”, disse à Reuters. “Há um desejo de respeitar o futuro que a maioria na Groenlândia quer, ou seja, permanecer seu próprio país e desenvolver sua independência ao longo do tempo.”
Buscando aliviar as tensões com o governo Trump ao longo do último ano, a Dinamarca, aliada dos Estados Unidos na Otan, concentrou-se em fortalecer a defesa da Groenlândia em resposta às críticas de Washington sobre segurança inadequada.
A Groenlândia, antiga colônia dinamarquesa e lar de cerca de 57 mil pessoas, detém o direito de declarar independência da Dinamarca desde 2009. Sua economia depende fortemente da pesca e de subsídios de Copenhague, e a ilha está estrategicamente localizada ao longo da rota mais curta entre a Europa e a América do Norte, uma localização vital para o sistema de defesa antimíssil balístico dos EUA.




