Ano de 2025 consolidou o triunfo da ‘broligarquia’ – 24/12/2025 – Lúcia Guimarães

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Enquanto os caros leitores atacam uma eventual ceia de peru —apelidado, na minha família, de chuchu animal— vamos recordar como o ano de 2025 cimentou o domínio dos chuchus humanos? Sensaborões e esquisitos, os “broligarcas” reinam supremos.

A “broligarquia”, para quem passou o ano distraído, é a influência desproporcional de bilionários tech sobre a economia, os mecanismos de governo e a vida dos cidadãos. Compra influência, destrói proteções à privacidade, manipula nosso acesso a informações e tem mais alergia à concorrência econômica do que um militante da Libelu nos anos 1980.

É um cabal que, como Luís 15, não disfarça a convicção de que “o Estado somos a meia dúzia de nós”. Mas esse estatismo despreza a soberania de Estados quando eles tentam regular suas atividades, enquanto seus representantes compram vastas extensões de terras imaculadas em países descontentes com seu poder, como a Nova Zelândia.

Essa galeria masculina que a maioria de nós evitaria como companhia na ceia de fim de ano é, às vezes, apelidada de “Máfia do PayPal”, numa referência a fundadores, sócios ou ex-empregados da empresa de pagamentos digitais como Peter Thiel, David Sacks e Elon Musk. Mas não falta vaga para humanóides como Mark Zuckerberg, o dono da Meta, que hoje, por via das dúvidas, constrói seu bunker no Havaí.

Neste ano marco da inteligência artificial, os brothers oligarcas deixaram claro que a realidade compartilhada por gente que não declara ser Napoleão Bonaparte deve ser tratada como um empecilho insolente e ser neutralizada de forma implacável por seus algoritmos.

Em janeiro, Zuckerberg nos ofereceu um “amuse-bouche” (um aperitivo) de seu admirável mundo necrosado, anunciando que o Facebook ia se livrar dos checadores de fatos para delegar a higiene de informação a “comunidades”, como fez Musk na plataforma X —sabemos como foi o resultado ao longo do ano.

A justificativa? Os responsáveis por distinguir as mentiras de fatos “agem como censores”. É como quando seu filho de três anos aparece com um enorme bigode de chocolate, nega ter comido todos os brigadeiros e você conclui que apontar o óbvio é repressão.

Toda distopia oferece oportunidades de monetização. Na “broligarquia”, meros mortais encontram um biscate rendoso na promoção de polarização ou na produção de conteúdo 100% falso sobre celebridades e outras figuras públicas.

E não é preciso pagar aluguéis estratosféricos em San Francisco ou Nova York. De qualquer cafundó com wifi decente, produtores de conteúdo conspiratório sobre política, especialmente a americana, empregando imagens geradas por IA, podem ser compensados por plataformas que abraçam o “slop”, um lixão de Gramacho, na versão digital e globalizada.

A “broligarquia” não teria adquirido tanto poder político sem a decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos, em 2010, que permitiu a influência de doadores sobre a política eleitoral americana com um furor que não se via desde a Idade Dourada, dos “robber barons”, no final do século 19 (ver série homônima na HBO Max).

Mas os “robber barons” deixaram heranças cívicas. O magnata do aço Andrew Carnegie financiou mais de 1.600 bibliotecas públicas que revolucionaram o acesso popular ao conhecimento científico e literário. Já a Maria Antonieta Zuckerberg prefere que os destituídos comam memes.


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