Israel tornou-se o primeiro país a reconhecer formalmente a autodeclarada República da Somalilândia como um Estado independente e soberano nesta sexta-feira (26) — uma decisão que pode remodelar a dinâmica regional e testar a oposição de longa data da Somália à secessão.
O primeiro-ministro Binyamin Netanyahu disse que Israel buscará cooperação imediata com a Somalilândia nas áreas de agricultura, saúde, tecnologia e economia. Em comunicado, ele parabenizou o presidente da Somalilândia, Abdirahman Mohamed Abdullahi, elogiou sua liderança e o convidou para visitar Israel.
Netanyahu disse que a declaração “está no espírito dos Acordos de Abraão, assinados por iniciativa do presidente Trump.”
Os acordos de 2020 foram intermediados pelo primeiro governo de Donald Trump e incluíram a formalização das relações diplomáticas de Israel com os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein, com outros países aderindo posteriormente.
Netanyahu, o ministro das Relações Exteriores israelense Gideon Saar e o presidente da Somalilândia assinaram uma declaração conjunta de reconhecimento mútuo, segundo o comunicado israelense.
Abdullahi disse em comunicado que a Somalilândia se juntaria aos Acordos de Abraão, chamando-o de um passo em direção à paz regional e global. Ele disse que a Somalilândia estava comprometida em construir parcerias, impulsionar a prosperidade mútua e promover a estabilidade no Oriente Médio e na África.
Mas o governo da Somália condenou a medida de Israel como um “passo ilegal” e um “ataque deliberado” à sua soberania, rejeitando qualquer reconhecimento da Somalilândia, de acordo com um comunicado do gabinete do primeiro-ministro.
“O governo federal afirma sua determinação em buscar todas as medidas diplomáticas, políticas e legais necessárias, de acordo com o direito internacional, para defender sua soberania, unidade e fronteiras internacionalmente reconhecidas”, disse o comunicado.
O Egito disse que o ministro das Relações Exteriores Badr Abdelatty fez telefonemas na sexta-feira com seus homólogos da Somália, Turquia e Djibuti para discutir o que descreveram como desenvolvimentos perigosos na África após o anúncio de Israel.
Os ministros condenaram o reconhecimento de Israel à Somalilândia, reafirmaram seu total apoio à unidade e integridade territorial da Somália, e advertiram que o reconhecimento de regiões separatistas representava uma ameaça à paz e segurança internacionais, disse o ministério das Relações Exteriores do Egito.
A União Africana também rejeitou qualquer reconhecimento da Somalilândia, reafirmando seu “compromisso inabalável” com a unidade e integridade territorial da Somália e advertindo que tais medidas arriscavam minar a paz e a estabilidade em todo o continente, disse o presidente da Comissão da UA.
A Somalilândia tem desfrutado de autonomia efetiva —e relativa paz e estabilidade— desde 1991, quando a Somália mergulhou na guerra civil, mas a região separatista não conseguiu receber reconhecimento de nenhum outro país.
Ao longo dos anos, a Somália mobilizou atores internacionais contra qualquer país que reconhecesse a Somalilândia.
O antigo protetorado britânico espera que o reconhecimento por Israel incentive outras nações a seguirem o exemplo, aumentando seu peso diplomático e acesso aos mercados internacionais.
Em março, a Somália e a Somalilândia negaram ter recebido qualquer proposta dos Estados Unidos ou de Israel para reassentar palestinos de Gaza, com Mogadíscio dizendo que rejeitava categoricamente qualquer movimento desse tipo.




