O plano de colonização na Cisjordânia ocupada, aprovado por Israel na quarta-feira (20), é inaceitável e constitui “uma violação do direito internacional”, declararam 21 países, incluindo Reino Unido, França, Espanha, Itália e Canadá, em um comunicado conjunto nesta quinta-feira (21).
“Condenamos esta decisão e exigimos sua revogação imediata nos termos mais firmes”, diz o texto, em referência ao projeto que prevê a construção de 3.400 casas na Cisjordânia ocupada, considerado uma ameaça à continuidade territorial de um eventual Estado palestino.
O comunicado também foi assinado por Austrália, Bélgica, Dinamarca, Estônia, Finlândia, Holanda, Islândia, Irlanda, Japão, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Noruega, Portugal, Eslovênia e Suécia. A alta representante para Assuntos Exteriores da União Europeia e vice-presidente da Comissão Europeia, a estoniana Kaja Kallas, também subscreveu o documento.
Segundo os signatários, o projeto ameaça a continuidade territorial de um futuro Estado palestino, já que isolaria Jerusalém Oriental do restante da Cisjordânia.
O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, autor da iniciativa, afirmou que o objetivo é justamente inviabilizar essa possibilidade. “O Estado palestino está sendo apagado da mesa de negociações, não com slogans, mas com ações”, declarou o ultranacionalista em um comunicado nesta quarta-feira (20).
Na semana passada, ele defendeu a aceleração do plano e a anexação da Cisjordânia, território palestino ocupado desde 1967, em reação a anúncios de vários países sobre a intenção de reconhecer oficialmente um Estado palestino.
Apesar das críticas, o plano recebeu sinal verde final de uma comissão de planejamento do Ministério da Defesa.
Em Londres, o Ministério das Relações Exteriores britânico convocou a embaixadora de Israel, Tzipi Hotovely. “O governo israelense deve interromper a construção de assentamentos, em conformidade com a resolução 2.334 do Conselho de Segurança da ONU, e suspender suas restrições sobre as finanças da Autoridade Palestina”, acrescenta a nota.
O chanceler britânico, David Lammy, classificou o plano como “uma flagrante violação do direito internacional”.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, já havia advertido na quarta-feira (20) que o assentamento dividiria a Cisjordânia em duas partes e representaria uma “ameaça existencial” para a viabilidade de um Estado palestino contínuo.
A Autoridade Palestina, que administra parcialmente a Cisjordânia, condenou rapidamente a decisão. “Isso mina as possibilidades de implementar a solução de dois Estados, criar um Estado palestino viável e preservá-lo como unidade geográfica e demográfica”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores palestino.