Kilmar Abrego Garcia, o migrante que voltou aos Estados Unidos na semana passada após ter sido deportado injustamente para seu país natal, El Salvador, permanecerá detido por enquanto, aguardando o julgamento por acusações criminais de participação em uma conspiração para contrabandear migrantes para os EUA.

Ao final de uma audiência nesta sexta-feira no tribunal federal de Nashville, Tennessee, a juíza Barbara Holmes disse que decidiria em uma data posterior sobre o pedido de Abrego Garcia para ser libertado sob fiança enquanto aguarda julgamento.

Robert McGuire, procurador federal em Nashville, disse que o salvadorenho seria colocado em detenção de imigração mesmo que Holmes ordenasse sua libertação. Na sexta-feira, Abrego se declarou inocente das acusações.

O governo do presidente Donald Trump retratou a acusação de Abrego em 21 de maio como uma justificativa para sua repressão agressiva à imigração ilegal. Antes que as acusações fossem divulgadas em 5 de junho, as autoridades afirmaram que ele era membro da gangue MS-13 e disseram que não o trariam de volta.

A decisão do Departamento de Justiça de devolvê-lo aos EUA para enfrentar acusações criminais é uma possível saída para o governo Trump de seu crescente confronto com o judiciário, que questiona se a gestão teria cumprido, ou não, uma ordem para facilitar o retorno de Abrego.

Os críticos do presidente republicano dizem que sua rápida remoção sem uma audiência mostrou que o governo priorizou o aumento das deportações em detrimento do devido processo legal, o princípio fundamental de que as pessoas nos EUA, sejam elas cidadãs ou não, podem contestar as ações governamentais contra elas nos tribunais.

Na acusação, Abrego foi acusado de trabalhar com pelo menos cinco conspiradores como parte de uma rede de contrabando para levar imigrantes ilegalmente para os EUA e transportá-los da fronteira entre os EUA e o México para destinos em todo o país. Abrego frequentemente pegava migrantes em Houston, fazendo mais de 100 viagens entre o Texas e Maryland entre 2016 e 2025, afirma a acusação.

Abrego também é acusado de transportar armas de fogo e drogas. Seus advogados consideram as acusações falsas. “A única razão pela qual eles o estão chamando de perigoso agora é para justificar a negação do devido processo legal e submetê-lo a uma punição cruel e incomum”, disse o advogado de defesa Dumaka Shabazz na audiência. “Eles precisam encobrir isso.”