A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) descobriu partículas de urânio durante uma investigação em um prédio destruído por Israel em 2007, que a agência acredita há muito tempo ter sido provavelmente um reator nuclear não declarado, segundo relatório enviado a Estados-membros nesta segunda-feira (1º).
O regime do então ditador Bashar al-Assad, deposto em dezembro passado, dizia que o local em Deir al-Zor, que incluía o edifício, era uma base militar convencional.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) concluiu em 2011 que o prédio era “muito provavelmente” um reator construído em segredo e que Damasco deveria ter declarado à agência.
A AIEA tenta desde então chegar a uma conclusão definitiva e, sob um esforço renovado no ano passado, conseguiu coletar amostras ambientais em três locais não identificados “supostamente funcionalmente relacionados” a Deir al-Zor, segundo o relatório confidencial visto pela Reuters.
A agência encontrou “um número significativo de partículas de urânio natural nas amostras coletadas em um dos três locais”. “A análise dessas partículas indicou que o urânio é de origem antropogênica, ou seja, produzido como resultado de processamento químico”, diz o documento.
O termo “natural” indica que o urânio não foi enriquecido. O relatório não chegou a uma conclusão sobre o significado dos vestígios encontrados.
“As atuais autoridades sírias indicaram não ter informações que pudessem explicar a presença dessas partículas de urânio”, afirma o relatório, acrescentando que o atual governo concedeu novamente à AIEA acesso ao local em junho deste ano para coletar mais amostras ambientais.
Em reunião no mesmo mês entre o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, e o líder sírio Ahmed al-Sharaa, “a Síria concordou em cooperar com a Agência, por meio de total transparência, para tratar das atividades nucleares passadas do país”, segundo o documento.
Nessa reunião, Grossi pediu a ajuda de Damasco para retornar a Deir al-Zor “nos próximos meses, a fim de realizar novas análises, acessar documentação relevante e conversar com aqueles envolvidos nas atividades nucleares passadas da Síria”.
O relatório afirma que a AIEA ainda planeja visitar Deir al-Zor e avaliar os resultados das amostras ambientais coletadas no outro local.
“Uma vez concluído esse processo e avaliados os resultados, haverá uma oportunidade de esclarecer e resolver as questões pendentes de salvaguardas relacionadas às atividades nucleares passadas da Síria e encerrar o assunto”, afirma o relatório.