O Alasca, que recebe nesta sexta-feira (15) uma cúpula entre os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Rússia, Vladimir Putin, esteve sob controle de Moscou antes de ser vendido por US$ 7,2 milhões aos Estados Unidos em 1867.
Apesar disso, a influência russa continua presente nesse estado ártico, confundindo algumas pessoas a respeito de quem controla o local —incluindo Trump. “Vou para a Rússia na sexta-feira”, afirmou o republicano a jornalistas duas vezes na última terça (12).
Entenda a história do Alasca abaixo.
Ex-colônia russa
Quando navegou pela primeira vez pelo estreito que separa a Ásia da América, em 1728, o explorador dinamarquês Vitus Bering estava em meio a uma expedição para a Rússia czarista. A descoberta do que hoje se conhece como estreito de Bering revelou a existência do Alasca a oeste, onde os povos indígenas viviam há milhares de anos.
A expedição deu início a um século de caça de focas na Rússia, com a primeira colônia estabelecida na ilha Kodiak, no sul. Em 1799, o czar Paulo 1º fundou a companhia russo-americana para organizar o comércio de peles. No entanto, as populações de focas e lontras-marinhas colapsaram pela exploração, e com elas as economias dos colonos.
Em 1867, Moscou vendeu o território a Washington por US$ 7,2 milhões. Embora criticada na época, a compra se concretizou e o Alasca se tornou um estado americano com plenos direitos em 1959.
Língua e igrejas
A Igreja Ortodoxa, estabelecida no Alasca desde a fundação da companhia russo-americana, continua sendo um dos principais legados russos no território.
Mais de 35 templos históricos, alguns com as típicas cúpulas da arquitetura ortodoxa, estão presentes no litoral do Alasca, segundo uma associação que busca protegê-los, e a diocese ortodoxa do estado afirma ser a mais antiga da América do Norte, contando com um seminário na ilha Kodiak.
Além disso, um dialeto derivado do russo e misturado com línguas indígenas locais sobreviveu por décadas em várias comunidades, sobretudo perto da importante cidade de Anchorage, até que praticamente desapareceu.
No entanto, perto das imensas geleiras da península de Kenai, o russo ainda é ensinado. A pequena escola rural de uma comunidade ortodoxa conhecida como Velhos Crentes, por exemplo, nascida de um cisma do século 17 e estabelecida na localidade na década de 1960, oferece aulas de russo para uma centena de estudantes.
Vizinhos
O território é próximo da Rússia. Em 2008, quando era governadora do estado e candidata à Vice-Presidência ao lado do republicano John McCain, Sarah Palin afirmou que os russos eram seus “vizinhos de frente”. “É possível até ver a Rússia de uma ilha no Alasca”, declarou ela.
De fato, no estreito de Bering, duas ilhas estão frente a frente. Grande Diomedes, a oeste, é russa; e Pequena Diomedes, habitada por algumas dezenas de pessoas, americana. Elas estão separadas por menos de 4 km.
Mais ao sul, dois russos desembarcaram em outubro de 2022 na ilha de São Lourenço, a menos de 100 km da costa russa, para solicitar asilo nos EUA e escapar de uma mobilização militar em apoio à Guerra da Ucrânia.
Por anos, o Exército americano anunciou que intercepta aviões russos que se aproximam de seu espaço aéreo na região. Segundo Putin, porém, a Rússia não está interessada em se apoderar do Alasca, onde “também faz frio”, afirmou o líder em 2014.