Após semanas de impasse, representantes da CDU (União Democrata-Cristã) e do SPD (Partido Social-Democrata da Alemanha), os partidos que formam o governo alemão, chegaram a um acordo com o ministro da Defesa Boris Pistorius sobre o novo modelo de serviço militar obrigatório do país. Os detalhes devem ser anunciados nesta quinta-feira (13) aos parlamentares.
As duas bancadas já haviam sugerido em outubro diretrizes para o caso de o Exército não conseguir voluntários suficientes, incluindo um sorteio. Pistorius, porém, rejeitou a ideia e defendeu uma triagem obrigatória de todos os homens, com seleção baseada em qualificação e motivação.
No início do mês, Pistorius já havia dito estar confiante de que a coalizão governista conseguiria chegar a um acordo que visa aumentar o número de soldados ativos e reservistas.
O plano encontrou resistência de parlamentares do próprio partido de Pistorius, o SPD, e de alguns conservadores da legenda do primeiro-ministro Friedrich Merz, a CDU. “Todos estão cientes da gravidade da situação”, disse Pistorius naquele momento. “Portanto, estou confiante de que a lei entrará em vigor no início do ano [de 2026].”
Em outubro, Pistorius rejeitou a proposta que sugeria um sorteio para o alistamento de jovens caso o recrutamento voluntário não atinja a meta. Essa proposta também previa o fim da avaliação médica universal da aptidão de jovens para o serviço militar. A natureza arbitrária de um sorteio, no entanto, poderia frustrar as gerações mais jovens, disse ele, e resultar no recrutamento de candidatos desmotivados.
“Precisamos convencer a geração mais jovem com argumentos, em vez de frustrá-la”, disse Pistorius. “Precisamos deixar claro para eles que vale a pena ter um exército forte que seja um fator de dissuasão para países como a Rússia.”
Os exames médicos universais, por sua vez, eram necessários, disse ele, para que, em caso de ataque, a Alemanha não perdesse tempo determinando “quem está operacionalmente apto para proteger a pátria e quem não está”.
A Alemanha encerrou seu programa anterior de serviço militar obrigatório em 2011 e, desde então, tem enfrentado dificuldades para atingir as metas de efetivo.
Pistorius quer aumentar o número de soldados ativos de 180 mil para 260 mil até o início da década de 2030, para cumprir as novas metas de força da Otan e fortalecer as defesas da Alemanha –parte de um aumento planejado nos gastos militares.
Em outra declaração, Pistorius afirmou que a Alemanha pretende concluir os testes de munições de ataque de precisão –os chamados drones descartáveis “kamikaze”– de três empresas até o final deste ano, antes de escolher uma e submeter uma proposta de encomenda ao Parlamento.
A aquisição de munições de ataque de precisão tem sido controversa na Alemanha, com alguns políticos associando as armas a assassinatos extrajudiciais direcionados por forças americanas no Afeganistão. No atual contexto, no entanto, o exército corre para se equipar com a tecnologia, que se mostrou crucial na guerra da Ucrânia e está sendo usada nos dois lados do conflito.




