Elon Musk enfrentará consequências por interferir na campanha eleitoral da Alemanha, disse Friedrich Merz, candidato da centro-direita favorito a se tornar o próximo chefe de governo do país, em entrevista ao The Wall Street Journal publicada nesta quinta-feira (13).
“O que aconteceu nesta campanha eleitoral não pode passar sem questionamentos”, disse o líder da oposição conservadora Merz ao jornal. “Pode ser uma resposta política. Pode ser uma resposta legal. Quero analisar isso calmamente após esta campanha eleitoral.”
Musk, empresário bilionário nascido na África do Sul, criticou repetidamente o atual premiê, Olaf Scholz, e fez campanha aberta para o partido de extrema direita AfD (Alternativa para a Alemanha). As eleições ocorrem no próximo dia 23.
Questionado se as consequências que Musk enfrentará após a eleição poderiam afetar a Tesla —empresa de carros elétricos do bilionário cuja única megafábrica europeia está na Alemanha, perto de Berlim—, Merz disse ao WSJ: “Estou propositalmente deixando as consequências em aberto, por enquanto”.
Merz tem sido um crítico contundente da AfD e disse que nunca formaria uma coalizão com o partido. Mas ele foi criticado por apresentar um projeto anti-imigração ao Parlamento duas semanas atrás, que só foi aprovado por ter recebido votos favoráveis da legenda extremista. Opositores e até aliados acusaram de violar o cordão de isolamento político que manteve a AfD fora dos arranjos de governo desde sua criação, em 2013.
A maioria das pesquisas dá à AfD pouco mais de 20% dos votos, na segunda colocação, cerca de dez pontos atrás da CDU (União Democrata-Cristã), partido de Merz. Poucos analistas dizem acreditar que a AfD possa vencer a eleição, mas um desempenho melhor do que o esperado pelo partido pode dificultar a tarefa de Merz de formar uma coalizão com maioria estável no Parlamento.
Merz afirmou ao WSJ que a influência de Musk sobre a AfD foi significativamente maior do que o apoio usual que políticos europeus costumam oferecer a aliados além de suas fronteiras. Ele evitou comentar se abordaria o assunto na reunião que deve ter com o vice-presidente dos Estados Unidos, J. D. Vance, durante a Conferência de Segurança de Munique.
Merz apenas mencionou estar ansioso pelo encontro e lembrou que havia lido o livro de Vance cinco ou seis anos atrás, sem imaginar que um dia se encontraria com o autor na função de vice-presidente americano.